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quinta-feira, 6 de novembro, 2025
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Gestores de 46 municípios discutem fortalecimento da economia criativa em MS

Seminário da Setesc reúne representantes do setor cultural para debater inovação, sustentabilidade e novas formas de financiamento

Gestores municipais de cultura de 46 cidades de Mato Grosso do Sul se reuniram nesta terça-feira (4), no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, para discutir estratégias de fortalecimento da economia criativa no Estado. O seminário “Conexões Criativas: Fortalecendo a Economia Criativa em Mato Grosso do Sul”, promovido pela Superintendência de Economia Criativa da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), contou com palestras, rodas de conversa e trocas de experiências sobre inovação, empreendedorismo e políticas públicas para o setor cultural.

Na abertura, a superintendente de Economia Criativa, Luciana Azambuja, apresentou um panorama do segmento, destacando desafios e oportunidades com foco em sustentabilidade e inovação. Segundo ela, a economia criativa já representa 7% dos empregos formais em Mato Grosso do Sul. “A economia criativa gera riqueza, promove inclusão e enriquece a vida cultural. Nosso papel é fomentar esse processo. Políticas públicas não se concretizam no gabinete — elas nascem do diálogo e da construção coletiva com o território”, afirmou.

O secretário de Cultura de Bonito e representante do Fórum dos Gestores Municipais de Cultura, Lelo Marchi, ressaltou a importância da integração entre poder público e produtores culturais. “Vivemos um momento singular. O diálogo com criadores e a troca de experiências com gestores fazem a cultura avançar, gerar renda e transformar realidades”, disse.

Também presente, Caroline Garcia, representante do Ministério da Cultura, destacou a relevância da estruturação do mercado cultural. “Além de produzir, é fundamental difundir e criar mercado. A cultura movimenta R$ 280 milhões, emprega 7% dos trabalhadores e reúne 130 mil empresas. Esse potencial precisa ser continuamente fortalecido.”

O secretário estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, reafirmou o compromisso do governo com a geração de renda pela arte. “Mato Grosso do Sul é referência nacional em fomento cultural. Integramos a economia criativa ao desenvolvimento econômico e à sustentabilidade, valorizando identidades e territórios sob a liderança do governador Eduardo Riedel.”

A programação do evento contou com duas rodas de conversa. Na mesa “O potencial das Feiras Criativas para o desenvolvimento socioeconômico do município”, produtoras culturais de Campo Grande, Maracaju e Ponta Porã compartilharam experiências de eventos que integram economia local, gastronomia regional e lazer. Já o debate “Os desafios para o financiamento do setor criativo” reuniu representantes de instituições culturais e parlamentares para discutir novas formas de fomento.

Entre os destaques, o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, apontou avanços na democratização dos editais. Ele lembrou que o Fundo de Investimentos Culturais (FIC) passou por mudanças que ampliaram a participação do interior. “Com a digitalização e novas plataformas, o FIC 2024 recebeu 1.600 propostas, 80% delas vindas do interior. A busca ativa e o acesso ampliado permitiram a inclusão de grupos antes marginalizados, como quilombolas e indígenas.”

O produtor cultural Pedro Ortale reforçou a importância da ocupação dos espaços públicos e da articulação entre cultura e identidade. “A visibilidade da produção cultural, especialmente indígena, pode gerar valor e renda ao turismo e às comunidades.”

Vítor Samudio, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Campo Grande, defendeu o papel do Estado no financiamento do setor. “Os recursos públicos são fundamentais para garantir o acesso à cultura como direito. O diálogo e o entendimento das realidades locais tornam os investimentos mais eficazes.”

O gestor do Sesi Cultura MS, Ítalo Milhomem, destacou o potencial do investimento privado. “Há 256 mil contribuintes que poderiam doar via dedução de impostos para projetos culturais, o que poderia gerar R$ 222 milhões por ano. É preciso facilitar essas doações.”

Encerrando o debate, o deputado estadual Júnior Mochi anunciou mudanças legais para ampliar incentivos à cultura. Segundo ele, a nova lei sancionada pelo governador Eduardo Riedel permitirá que empresas destinem até 4% do imposto devido a projetos culturais e esportivos aprovados no Estado, ampliando as possibilidades de financiamento.

O evento ainda apresentou boas práticas dos Territórios Criativos — Fronteira + Criativa, Pantanal + Criativo e Bioceânica + Criativa — e lançou o portal “MS Cultural”, plataforma que reunirá informações, serviços e dados sobre cultura e economia criativa em Mato Grosso do Sul.

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