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quinta-feira, 13 de novembro, 2025
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Dia do Pantanal: estudo aponta que bioma enfrenta o período mais seco em 40 anos

Celebrado nessa quarta-feira (12), o Dia do Pantanal reforça a importância das políticas públicas de preservação do bioma, um dos mais importantes de todo planeta. Como parte das celebrações, o MapBiomas divulgou um estudo apontando para o maior período de seca da região ao londo das últimas quatro décadas (40 anos).

O levantamento apontou que a área que permanece alagada anualmente diminuiu 75% entre 1985 a 2024, passando de 1,6 milhão de hectares (1985–1994) para 460 mil hectares (2014–2024). O ano de 2024 foi o mais seco da série histórica, com a área alagada 73% abaixo da média.

O estudo indica que, a cada década, o bioma registra cheias menores e secas mais intensas. O Pantanal depende das águas que descem do Planalto da Bacia do Alto Paraguai (BAP), onde nascem os rios que o abastecem. A BAP abrange áreas de Mato Grosso (48% da bacia, com 17,4 milhões de hectares) e Mato Grosso do Sul (52%, com 18,6 milhões de hectares).

O Planalto é composto por 83% de Cerrado e 17% de Amazônia, enquanto o Pantanal corresponde à Planície que recebe essas águas. Entre 1985 e 2024, o Planalto perdeu parte significativa de sua cobertura vegetal. A vegetação nativa passou de 72% para 46% em Mato Grosso e de 59% para 36% em Mato Grosso do Sul, o que representa uma perda total de 5,2 milhões de hectares.

Nesse mesmo período, a agricultura aumentou quase quatro vezes, sendo a soja responsável por 80% das áreas cultivadas. As pastagens cresceram 4,4 milhões de hectares, substituindo parte da vegetação nativa.

“A perda de Florestas e Savanas fragiliza a proteção dos solos nas cabeceiras do bioma, o que interfere no fluxo de água que chega na Planície. Em 1985, 33% do Planalto, ou sete milhões de hectares, já eram de uso antrópico. Em 2024, praticamente 60% do Planalto é antropizado”, explica Eduardo Reis Rosa, coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas. 

A situação das pastagens também preocupa:

  • 63% delas têm baixo ou médio vigor (vegetação fraca ou degradada).
  • No trecho da Amazônia, 52% das pastagens estão em mau estado.
  • No Cerrado, 55% estão com baixo ou médio vigor.

Na Planície, a vegetação natural diminuiu de 96% para 84% entre 1985 e 2024, resultando na perda de 1,7 milhão de hectares de áreas nativas. As pastagens aumentaram de 563 mil hectares para 2,2 milhões no mesmo período, e 85% delas apresentam baixo ou médio vigor vegetativo.

A mineração foi a atividade que mais cresceu proporcionalmente na última década, com aumento de 60%.

No total da Bacia do Alto Paraguai, as áreas agrícolas e de pastagem passaram de 21% em 1985 para 40% em 2024, correspondendo à conversão de 7,5 milhões de hectares de vegetação nativa — 84% no Planalto e 16% na Planície.

Evolução por década

  • 1985–1994: grande expansão das pastagens. O Planalto perdeu 12% da vegetação nativa.
  • 1995–2004: avanço do desmatamento para o interior do Pantanal, com perda de 527 mil hectares de vegetação nativa.
  • 2005–2014: início da redução da frequência de cheias e aumento de formações savânicas sobre campos e pastagens.
  • 2015–2024: década mais seca da série histórica. A área alagada reduziu 1,2 milhão de hectares em relação à primeira década, e o Pantanal perdeu 450 mil hectares de vegetação nativa.

Pantanal

O Pantanal é considerado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura) como Patrimônio Natural e Reserva da Biosfera Mundial, é um dos menores biomas do Brasil, localizado na Bacia do Alto Paraguai, na região Centro-Oeste do país, no sul do Mato Grosso e no noroeste do Mato Grosso do Sul; e ocupa, aproximadamente, 2% do território do país. Também está presente no Paraguai e na Bolívia. Nesses países, o Pantanal recebe o nome de Chaco.

Esse bioma chega a 220 mil km², sendo que 120 mil km² estão no Brasil. É uma região de encontro com outros biomas, podendo surgir em áreas de Cerrado, Caatinga e florestas tropicais. Por isso, a paisagem pantaneira é bem diversificada, contendo árvores de médio e grande porte, típicas da Amazônia, e, também, árvores tortuosas, de baixo e médio porte, comuns no Cerrado.

Sua principal característica é a planície inundada, que possui uma vegetação típica, como os vegetais aquáticos aguapé, erva-de-santa-luzia, utriculária e cabomba, muitos deles utilizados para fins medicinais. O Pantanal tem um clima com duas estações bem definidas: o verão chuvoso e o inverno seco.

Está localizado numa área circundada por planaltos, que chegam a 700 metros de altitude, elevação ao redor do bioma, que é responsável pelas nascentes dos vários rios pantaneiros. Porém, o Pantanal possui altitudes que não ultrapassam 120 metros. Por isso, mais de 80% do bioma fica alagado no verão, época de chuvas fortes. O Pantanal é a maior planície inundada do mundo!

Infelizmente, a fauna do Pantanal sofre os impactos da caça e da pesca ilegais e predatórias, e muitas espécies estão ameaçadas de extinção. A caça e a pesca ilegais prejudicam a cadeia alimentar da região, gerando um grave desequilíbrio ecológico, que interfere na reprodução de espécies e na preservação dos recursos naturais.

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