Políticas públicas voltadas para incentivo ao esporte e à cultura das Atléticas Universitárias foram debatidas em Audiência Pública, na noite de terça-feira, dia 11, na Câmara Municipal de Campo Grande. A possibilidade de utilizar as quadras de escolas, parques e equipamentos públicos de esportes para treinos aos finais de semana, protocolos de segurança em eventos e reconhecimento às empresas e instituições que apoiam as Atléticas foram algumas das sugestões apresentadas.
O debate foi proposto pelo vereador Jean Ferreira, vice-presidente da Comissão Permanente da Juventude da Casa de Leis. “Estamos aqui não apenas para falar das demandas, para pensar soluções, mas também para ter um olhar político da força que as Atléticas têm dentro das universidades e que isso repercuta em políticas públicas”, afirmou o vereador Jean. Ele citou exemplos práticos: “quando a gente não consegue espaço para conseguir treinar, para fazer jogos, isso é política, no caso de omissão. Quando não consegue a estrutura básica, como uma bola, uma rede de vôlei, um treinador, um árbitro, isso é falta de política de incentivo no esporte”.
O vereador Jean Ferreira reforçou que “o poder público tem esse dever de garantir um direito constitucional, que é direito ao esporte, à cultura e à cidade. Infelizmente, aqui em Campo Grande a gente não tem apoio que as Atléticas de outros estados têm”, afirmou. Ele lembrou que, recentemente, tiveram de ser cancelados os Jogos Interatléticas de Mato Grosso do Sul por falta de estrutura, de parques públicos para receber os eventos. O vereador pretende ampliar a discussão sobre uma legislação que assegure a utilização das quadras de escolas públicas e de parques aos finais de semana ou período noturno para as Atléticas Universitárias.
Ainda, há questão das festas que são importantes para obtenção de renda, porém, muitas vezes esbarram na repressão policial. “A Atlética serve para socialização, inclusão, esporte, saúde, lazer e contribuindo para a saúde mental. Então, a gente precisa tornar esses ambientes mais leves para que a juventude possa ter seu direito respeitado e apoio do poder público”.
A importância de ter a Casa do Povo aberta aos jovens, às Atléticas, foi destacada pelo vereador Epaminondas Neto, o Papy, presidente da Câmara Municipal. Ele ressaltou a evolução do movimento e a necessidade de mostrar a toda a sociedade a capacidade das Atléticas, o que representam de benefício à sociedade, como “um modelo de agremiação universitária, de confraternização e competição de esportes universitários, que fora do País tem grande validação popular”, citando o sentimento de pertencimento e consciência social dos universitários. “Isso na fase da juventude na universidade é muito importante”, acrescentou. O presidente recordou que, nos seus mandatos, sempre manteve o diálogo e conexão com atleticanos, ressaltando a importância de o vereador Jean Ferreira, que é universitário e vem de uma atlética, estar envolvido com essa bandeira. “A Casa do Povo está em festa por receber várias Atléticas, jovens que são o futuro da nossa cidade, nossos próximos profissionais”.
Otavio Benati, presidente da Liga das Atléticas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), enfatizou que as Atléticas buscam, principalmente, dignidade para realizar os jogos, os eventos, com suporte do Estado. Ele citou a missão de “tentar promover o esporte universitário, promover essa integração, promover esse ambiente, que, muitas vezes, é o que salva as pessoas de outros estados que vem para cá estudar, as pessoas que têm depressão. Trazer esse ambiente de maneira segura e sustentável é o que desejamos”.
Téo Porto, também da Liga das Atléticas, citou a necessidade de valorização. “O objetivo maior é valorizar o esporte universitário, valorizar o esporte campo-grandense, que a gente sente que vem sendo desvalorizado há muito tempo. Poder mostrar para todo mundo da cidade que o esporte universitário abre portas, resgata pessoas de situações ruins, seja psicológica ou financeira”, completou.
O vereador Maicon Nogueira, presidente da Comissão Permanente de Juventude da Câmara, ressaltou a importância do movimento estudantil. Ele recordou que na época em que esteve na Secretaria de Juventude fez o primeiro Termo de Cooperação abrindo as escolas para as atléticas jogarem aos finais de semana. “Não tem nada na lei que impeça as escolas de abrirem aos finais de semana. Basta bom senso e ver como o esporte faz bem para as pessoas”. O vereador anunciou ainda duas emendas que irá destinar na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 para a Liga das Atléticas da UEMS e da UFMS. “As Atléticas têm que estar dentro do Orçamento Municipal”, reforçou.
O secretário-executivo da Juventude, Paulo Lands, ressaltou o gasto que as Atléticas têm com aluguel de quadra e reforçou que o Poder Público tem as quadras das escolas que podem ser emprestadas para diminuir estes custos. Ele afirmou que deu início ao Projeto Conexão Atlética, com esse objetivo. “Iniciamos o projeto, mas não conseguimos tudo, dependemos de outras secretarias e alguns diretores não iniciaram”, citou. Lands falou que cinco atléticas conseguiram esse acesso porque os diretores abraçaram a proposta. A meta agora é estender para mais 12 Atléticas treinarem nas escolas.
Leandro Fonseca, da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) ressaltou a importância das Atléticas como um movimento que parte dos acadêmicos. “É salutar o poder público estar junto. Também é muito interessante ouvi-los, saber a realidade, para que a gente possa pensar em políticas eficientes e não em políticas que saiam de um gabinete e não atendam quem está na ponta”.
O deputado estadual Pedro Kemp ressaltou que a Câmara Municipal, cheia de jovens, está cumprindo sua função de trazer a população para debater assuntos de seu interesse. “As Atléticas mobilizam, conseguem agregar em cima de um ideal da juventude, de estar junto, de se divertir, de praticar esporte, de viver”, disse. Ele acrescentou o papel das Atléticas na saúde mental. “É preciso que as Atléticas tenham apoio do poder público para terem oportunidade de realizar suas atividades” disse, citando a lei para a abertura das escolas nos finais de semana para que possam ser usadas pelos universitários. “Nosso papel é levar essas demandas para o Executivo e transformá-las em políticas públicas”, acrescentou.
Questões relacionadas à segurança pública e à burocracia para emissão de alvará de eventos foram alguns dos pontos discutidos na Audiência.











