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quinta-feira, 13 de novembro, 2025
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Polícia reclassifica morte de jovem em Cassilândia e reduz número de feminicídios em MS

Caso de Letícia Ferreira Araújo, de 25 anos, foi alterado para homicídio culposo na direção de veículo automotor após conclusão das investigações

A Polícia Civil concluiu que a morte de Letícia Ferreira Araújo, de 25 anos, ocorrida em 9 de agosto deste ano, em Cassilândia, foi acidental. O caso, inicialmente tratado como feminicídio, foi reclassificado para homicídio culposo na direção de veículo automotor, ou seja, sem intenção de matar. A mudança reduziu o número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul em 2025 — de 36 para 35, conforme atualização da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Investigação descartou intenção de matar

De acordo com a Sejusp, a nova tipificação foi adotada após a conclusão das investigações, que afastaram a hipótese de que o atropelamento tenha sido proposital. “No mês de agosto de 2025, foi registrado, inicialmente, um caso de feminicídio em Cassilândia. Contudo, no decorrer das investigações, comprovou-se que se tratava de homicídio culposo na condução de veículo automotor; portanto, o número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul diminuiu”, informou a pasta em nota.

A investigação indicou que o acidente ocorreu durante uma discussão do casal. Testemunhas relataram que o veículo dirigido pelo marido da vítima, colidiu contra o muro de uma casa após atingir Letícia.

Prisão e liberdade provisória do suspeito

O esposo foi preso em flagrante no dia do crime e alegou à polícia que o atropelamento foi um acidente. Segundo ele, Letícia teria segurado o volante pelo lado de fora do carro, perdido o equilíbrio e caído, sendo atingida em seguida.

Em 1º de setembro, o Diário da Justiça publicou a decisão que concedeu liberdade provisória ao suspeito, sob a condição de manter o endereço atualizado e comparecer a todos os atos do processo.

“Diante da dúvida quanto à conduta do investigado, impõe-se a revogação da prisão preventiva. Não há qualquer indício de risco de reiteração delitiva ou quanto à periculosidade do investigado”, diz trecho da decisão judicial.

Divergência nas versões

Na noite do crime, por volta das 22h, Letícia chegou a ligar para a Polícia Militar informando ter sido agredida pelo marido, mas a ligação caiu antes que pudesse detalhar o caso. Cerca de meia hora depois, um morador acionou a polícia relatando que uma mulher havia sido atropelada.

Testemunhas apontaram que não havia marcas de frenagem na pista, o que sustentou inicialmente a suspeita de feminicídio. Um vizinho afirmou ter visto o momento em que o carro atingiu a jovem. Já o laudo pericial, embora tenha apontado a ausência de frenagem, considerou que a dinâmica do acidente não configurava intencionalidade.

Diferença entre feminicídio e homicídio culposo

Pelo Código Penal Brasileiro, o homicídio culposo é aquele em que não há intenção de matar, com pena de um a três anos de detenção, podendo o réu responder em liberdade. Já o feminicídio, quando comprovada a motivação de gênero ou violência doméstica, é crime doloso, com pena de 20 a 40 anos de reclusão.

Com a reclassificação, o caso de Letícia foi retirado das estatísticas de feminicídio em Mato Grosso do Sul.

Feminicídios em Mato Grosso do Sul

Mesmo com a alteração, o estado contabiliza 35 casos de feminicídio em 2025, conforme o Monitor da Violência Contra a Mulher, mantido pela Sejusp. As vítimas estão distribuídas por diversas cidades, como Campo Grande, Dourados, Corumbá, Naviraí, Três Lagoas e Bela Vista, entre outras.

Confira a lista completa das vítimas de feminicídio em 2025, conforme dados oficiais da Sejusp:

Karina Corim – Caarapó
Vanessa Ricarte – Campo Grande
Juliana Domingues – Dourados
Miriele da Silva Santos – Água Clara
Emiliana Mendes – Juti
Giseli Cristina Oliskowiski – Campo Grande
Alessandra da Silva Arruda – Nioaque
Ivone Barbosa da Costa Nantes – Sidrolândia
Thacia Paula Ramos de Souza – Cassilândia
Simone da Silva – Itaquiraí
Graciane de Sousa Silva – Angélica
Olizandra Vera Cano – Coronel Sapucaia
Sophie Eugenia Borges de Medeiros – Campo Grande
Vanessa Eugenia Medeiros – Campo Grande
Eliana Guanes – Corumbá
Dayane de Souza Garcia – Nova Alvorada do Sul
Doralice da Silva – Maracaju
Rose Antonia de Paula – Costa Rica
Michely Rios Midon Orue – Glória de Dourados
Juliete Vieira – Naviraí
Cinira de Brito – Ribas do Rio Pardo
Salvadora Pereira – Corumbá
Dahiana Ferreira Bobadilla – Bela Vista
Érica Regina Moreira Mota – Bataguassu
Iracema Rosa da Silva Santos – Dois Irmãos do Buriti
Ana Taniely Gonzaga de Lima – Bela Vista
Gisele da Silva Cylis Saochine – Campo Grande
Erivelte Barbosa Lima de Souza – Paranaíba
Andreia Ferreira – Bandeirantes
Solene Aparecida Corrêa – Três Lagoas
Luana Cristina Ferreira Alves – Campo Grande
Aline Silva – Jardim
Mara Aparecida do Nascimento Gonçalves – Aparecida do Taboado
Irailde Vieira Flores de Oliveira – Rochedo
Rosimeire Vieira de Oliveira – Rochedo

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Em casos de emergência, ligue 190.
Para denúncias e orientações, o número 180 funciona 24 horas por dia.
Também é possível denunciar via WhatsApp pelo número (61) 9610-0180 ou (67) 99180-0542.

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