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sexta-feira, 21 de novembro, 2025
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Correios anunciam corte de custos e demissão voluntária para evitar colapso financeiro

Estatal prevê fechar unidades deficitárias, reduzir despesas e captar R$ 20 bilhões para voltar ao lucro em 2027

Os Correios aprovaram, na quarta-feira (19), um amplo plano de reestruturação para tentar reequilibrar as contas da estatal nos próximos 12 meses e assegurar a liquidez financeira ao longo de 2026. As medidas incluem o fechamento de até mil unidades deficitárias, a criação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), mudanças nos planos de saúde dos funcionários que permanecerem na empresa e a venda de imóveis.

A reestruturação foi elaborada pela nova gestão do presidente Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o comando da empresa em setembro de 2025. Segundo a estatal, o objetivo é reduzir o déficit a partir de 2026 e retornar à lucratividade em 2027.

Operação de crédito bilionária

O plano prevê a conclusão, até o fim de novembro, de uma operação de crédito de até R$ 20 bilhões, considerada essencial para a transição financeira e para a implementação das medidas previstas. O empréstimo será contratado junto a bancos públicos e privados e terá garantia do Tesouro Nacional, mediante contrapartidas de ajuste administrativo.

Fontes ouvidas estimam que o número de desligamentos no PDV pode chegar a 10 mil funcionários, embora a estatal ainda não tenha confirmado oficialmente. Os trabalhadores que continuarem nos Correios também serão afetados por mudanças nos benefícios, como a remodelagem dos planos de saúde, item que pesa significativamente no orçamento da empresa.

Corte de agências e aposta no e-commerce

O fechamento de até mil pontos de atendimento será acompanhado por uma estratégia de expansão no e-commerce, área considerada crucial para diversificar receitas e recuperar competitividade. A venda de imóveis pode render cerca de R$ 1,5 bilhão, contribuindo para o reforço de caixa.

A reestruturação está dividida em três fases — recuperação financeira, consolidação e crescimento — e, segundo a estatal, mantém como prioridade os serviços postais universais. O compromisso foi classificado como “estratégico e social inegociável”, já que os Correios são responsáveis por chegar a todos os municípios, incluindo áreas remotas.

Prejuízos acumulados aceleram reestruturação

A crise financeira da estatal se agravou nos últimos anos. Somente nos dois primeiros trimestres de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,37 bilhões, somando-se a resultados negativos desde 2022. No primeiro semestre de 2025, os serviços postais custaram R$ 5,4 bilhões, gerando um déficit líquido de R$ 4,5 bilhões.

A empresa atribui o cenário à queda global nas receitas de serviços postais tradicionais, ao mesmo tempo em que reforça seu papel essencial em operações estratégicas, como entrega de livros didáticos, distribuição das provas do Enem e transporte de urnas eletrônicas em períodos eleitorais.

Possíveis fusões e reorganizações

O plano também abre espaço para futura reorganização societária, incluindo fusões e aquisições que possam fortalecer a competitividade da estatal no médio e longo prazo. Detalhes sobre essas possibilidades ainda não foram divulgados.

Com a aprovação do plano, a direção dos Correios busca garantir meios para enfrentar o déficit crescente e preparar a empresa para uma nova fase de sustentabilidade financeira e modernização operacional.

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