32.8 C
Campo Grande
sábado, 22 de novembro, 2025
spot_img

Da madrugada ao perito: como um alerta na tornozeleira levou à prisão de Bolsonaro

Monitoramento detectou irregularidades e PF mobilizou peritos para examinar dispositivo

Uma suposta violação na tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro desencadeou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou sua prisão preventiva neste sábado (22). O alerta foi emitido à Seape-DF (Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal) às 0h07, indicando possível manipulação do equipamento.

De acordo com informações confirmadas por investigadores, a ocorrência foi tratada como prioridade máxima. A diretora do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME) e a equipe de escolta de Bolsonaro foram imediatamente notificadas. À 1h09, a violação foi constatada e, um minuto depois, às 1h10, o dispositivo foi substituído. O novo aparelho estava operando normalmente às 1h15.

Suspeita de tentativa de rompimento

A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que Bolsonaro teria tentado danificar a tornozeleira utilizando materiais de soldagem para aquecê-la ou romper sua carcaça. O equipamento apresentou danos e também será periciado pela Seape.

Moraes afirma em sua decisão que a violação indica “intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga”, o que, segundo ele, poderia ser facilitado pelo tumulto previsto na vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro na noite anterior. O ministro aponta ainda que o alarme foi registrado pelo sistema de monitoramento às 0h08, reforçando a suspeita de tentativa de fuga.

Perícia imediata

Um grupo de peritos do INC (Instituto Nacional de Criminalística da PF), especializados em microvestígios e eletrônica, foi mobilizado neste sábado para analisar o dispositivo. O objetivo é identificar:

  • se houve violação intencional,
  • quais ferramentas podem ter sido utilizadas,
  • e se ocorreu dano ou interferência no funcionamento do equipamento.

Histórico e contexto da decisão

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, após descumprir medidas cautelares definidas por Moraes, entre elas a proibição de participar de atos políticos — o que ele voltou a fazer por meio de ligações telefônicas transmitidas em manifestações em SP e RJ.

A prisão preventiva decretada hoje não tem relação direta com a condenação de 27 anos e 3 meses imposta pelo STF em setembro, mas sim com a nova violação das medidas impostas.

Moraes também citou episódios anteriores que reforçariam o risco de fuga, como:

  • a permanência de Bolsonaro por duas noites na Embaixada da Hungria, em fevereiro de 2024;
  • planos identificados pela PF para que ele buscasse asilo na Embaixada da Argentina;
  • e a saída recente do país dos deputados Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, apontada como tentativa de escapar da Justiça.

Segundo o ministro, a distância entre o condomínio do ex-presidente e o Setor de Embaixadas Sul — cerca de 13 km — poderia ser percorrida em menos de 15 minutos, facilitando eventual tentativa de entrar em alguma representação diplomática.

Responsabilidades legais

A Lei de Execução Penal determina que o monitorado deve zelar pela integridade da tornozeleira, não podendo removê-la, violá-la ou danificá-la. Em caso de problema, ele é obrigado a receber a equipe de monitoração. Se a violação não puder ser solucionada, o caso deve ser comunicado ao Judiciário.

A perícia da PF deve apresentar suas conclusões nos próximos dias, enquanto Bolsonaro permanece sob custódia da Polícia Federal em Brasília.

Fale com a Redação