Da dona de casa que precisa voltar a trabalhar ao imigrante que precisa recomeçar a vida em outro País. O projeto Pronto Pro Trabalho, parceria entre o Senai e a Câmara Municipal de Campo Grande, destinado à capacitação profissional, tem atendido, desde junho deste ano, alunos de diferentes realidades e abrindo as portas do mercado de trabalho para quem procura por oportunidade.
É entre muito leite condensado e pitadas de açúcar de confeiteiro que histórias como estas se encontram e inúmeros planos surgem. Na carreta estacionada no pátio do Senai, no Bairro Amambai, a tarde é de aprendizado, mas também de leveza. Os conselhos da instrutora Mirian Alves para essa turma são para confeitaria, mas os mais de 600 alunos atendidos pelo projeto puderam participar de qualificações nas áreas de panificação, refrigeração, elétrica, logística, segurança do trabalho e marcenaria. A meta é capacitar 1,5 mil pessoas até o final de 2025.
Dona de casa, Renata Cerbino, teve de buscar na memória as habilidades ensaiadas na culinária para traçar estratégias para recomeçar a vida depois de 25 anos de casada. “Eu já tinha feito alguns cursos antes de casar, mas acabei não desenvolvendo. Casei e durante um tempo trabalhei no administrativo da oficina do meu ex-marido, depois da pandemia, fiquei cuidando da casa. Agora me separei e quero buscar uma nova fonte de renda e o Senai surgiu como uma alternativa, que, sabemos, é reconhecida no mercado”, relembra.
Entre os pontos fortes apontados pela dona de casa do curso oferecido pelo Senai, estão, além da boa instrução, a infraestrutura oferecida para execução das aulas. “Eu fiquei bastante surpresa. Eu nunca imagine que nós teríamos uma estrutura tão boa e bem montada dentro de uma carreta. Além disso, a professora é uma profissional muito dinâmica na hora de passar os conhecimentos e acompanha certinho para verificar se estamos fazendo as técnicas de forma correta”, elogiou.
Para o imigrante venezuelano, Elizer Farfan, o curso representa não apenas um recomeço, mas mais um deles. A mudança para o Brasil, se deu há 4 anos. Embora tenha encontrado emprego, Farfan sofreu um acidente de trabalho. Durante a recuperação, resolveu aprender outra função pensando nas possibilidades de empreender em algo que se adeque a sua nova condição.
“Fiquei sabendo do curso por causa dos grupos de venezuelanos e brasileiros que fazemos parte. Eu e minha esposa decidimos fazer, não só este, mas também vamos fazer o de panificação e outro de panetone. Entendemos que uma das primeiras coisas é aprender a cultura brasileira. É por meio da cultura que nós vamos trabalhar”, explica.
O plano imediato, no entanto, é reduzir os custos com a festa de casamento da filha do casal de venezuelanos. “Queremos fazer todos os docinhos, mas depois queremos empreender e gerar renda a partir desse aprendizado tão qualificado e oferecido gratuitamente”.
De acordo com a instrutora Miriam Alves, os cursos não envolvem apenas a execução das receitas, mas preparam o aluno para todo processo de comercialização do produto. “Além de aprenderem todas as técnicas culinárias envolvidas, eles aprendem também a parte de embalagem, pesagem, porcionamento e precificação. Também repasso para eles dicas de vendas”.
Entre as grandes vantagens destacadas pela instrutura quanto aos cursos do Pronto Pro Trabalho, está justamente a possibilidade de produzir mesmo estando em processo de aprendizagem. “Esse projeto está sendo para os alunos uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Muitos já estão atuando nas confeitarias da cidade ou empreendendo em casa. Muitas mães, por exemplo, que têm dificuldade de trabalhar fora, têm agora uma alternativa de renda. Temos observado ainda uma mudança de público. Antes tínhamos muitos alunos de meia idade, mas agora o interesse está crescendo muito entre jovens e pessoas da terceira idade”, avalia.
Com o avanço do programa, novas turmas estão sendo organizadas em diversas áreas profissionais, ampliando o alcance da iniciativa que age como vetor de transformação social e fortalecimento da economia local.
