Galego já morou em “puxadinho” na CEASA/MS e hoje é líder na comercialização de melancias

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Foto: Divulgação

Não é exagero dizer que a CEASA/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) já foi a casa de Paulo Sérgio Randolpho, o Galego. O empresário chegou a morar no entreposto depois de sair de São Paulo, sozinho, em busca de uma vida melhor em Campo Grande – e o esforço deu resultado. O ex-carregador de mercadorias hoje é um dos maiores comerciantes de melancias da CEASA/MS, proprietário da Galego Frutas, que comercializa cerca de 100 toneladas por semana.

A trajetória de Paulo na CEASA começou em 2004, como carregador diarista, e a mudança de Dracena (SP) para Campo Grande não foi nada fácil. Galego veio para a capital pegando carona em caminhões de mercadorias que descarregavam na região e, sem ter onde ficar, transformou um posto de gasolina vizinho à CEASA/MS em moradia provisória.

Galego já morou em “puxadinho” na CEASA/MS e hoje é líder na comercialização de melancias
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“Eu fiquei mais ou menos um mês no Figueira. Eu vinha com os caminhões que saíam de São Paulo para cá e comecei a trabalhar na diária, descarregando mercadorias na CEASA. Eu passava a semana toda e dormia lá, na rede, no banco”, lembra Paulo.

Com o tempo, ele foi conquistando a confiança dos permissionários da CEASA/MS, a ponto de chegar a morar dentro do próprio entreposto — situação que, pelas normas da atual gestão, não seria permitida.

“Um dos permissionários deixou que eu pousasse no box dele. Eu dormia ali, depois abria e ia trabalhar. Fiquei uns dois ou três meses até conseguir alugar um box pequeno ao lado, por R$ 15, e comecei a morar ali”, conta.

Foram dois anos vivendo no “puxadinho” improvisado dentro da CEASA/MS. Aos poucos, Paulo viu sua realidade mudar, fruto de esforço e coragem. Além dos trabalhos diários no entreposto, ele se aventurou como feirante até conquistar a permissão para montar sua própria empresa. Assim nasceu a Galego Frutas, tendo a melancia como carro-chefe.

“Quando eu cheguei aqui, muita gente dizia que o Estado não produzia melancia. Então eu quis ajudar a mudar esse cenário. Eu trabalhava na CEASA, ia para a roça, ajudava a plantar, fazia a carga, descarregava caminhão. Este Estado é rico demais, MS produz muito. Sempre falei isso pra todo mundo”, afirma.

Bataguassu, Deodápolis, Fátima do Sul, Naviraí e Eldorado estão entre os municípios de onde Galego traz melancias sul-mato-grossenses. Mas grande parte do estoque ainda vem de Goiás.

Em 2024, a Galego Frutas foi a empresa que mais comercializou melancias na CEASA/MS: foram cerca de 7,1 mil toneladas. A fruta ocupou o 4º lugar no ranking dos hortifrutis mais vendidos na CEASA/MS entre os produtos cultivados no estado, com 2,2 mil toneladas comercializadas entre janeiro e setembro de 2025.

Galego já morou em “puxadinho” na CEASA/MS e hoje é líder na comercialização de melancias
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Sensível, a melancia exige cuidado redobrado no transporte. Todo carregamento vem “acolchoado” com palhas para reduzir o atrito e evitar perdas. A seleção também é rigorosa, garantindo que o consumidor receba apenas a fruta no ponto certo.

“A mão de obra tem que ser diferenciada, e eu gosto de dizer que tenho uma das melhores do Brasil. Em nenhum outro lugar se descarrega e se classifica melancia como faz a minha turma”, diz Paulo. Graças a Deus, eles são muito bons. Aprenderam comigo, têm garra como eu, se aperfeiçoaram e estão indo bem”, completa.

Paulo também se orgulha dos muitos funcionários e até familiares que, assim como ele, começaram na CEASA/MS trabalhando na Galego Frutas e hoje também prosperam com negócios próprios. Com o passar dos anos, a variedade de produtos da empresa cresceu. Hoje, além das melancias, a Galego Frutas comercializa melão, abacaxi, abóboras e mamão.

“Deu certo. A gente cresceu. Sou cadastrado em todos os grandes mercados de Campo Grande e vendo muito para o interior também. Eu já cheguei a ter mais de 60 funcionários”, comenta.

E se engana quem pensa que o empresário deixou de pôr a “mão na massa”. “Hoje em dia praticamente só eu vendo, mas claro que tenho uma equipe que me ajuda. Hoje eu compro, vendo, tomo conta”, destaca. Paulo guarda sua história com carinho. Foi uma trajetória dura, mas recompensadora. Ele tem orgulho de dizer que começou na CEASA/MS do zero.

“Tem outros empresários que estão aqui há mais tempo, mas entre os que se destacaram começando do nada, estou eu. Trabalhar na CEASA é cansativo, mas a CEASA também nos proporciona muitas alegrias porque aqui você ajuda muitas famílias. E são dessas lutas que vêm as vitórias”, afirma.