Golpes digitais, malware e falsas centrais aumentam exponencialmente, movimentando bilhões e pressionando bancos
O número de fraudes bancárias no Brasil registrou crescimento alarmante no primeiro semestre de 2025, segundo o relatório Tendências de Fraudes Bancárias Digitais no Brasil em 2025, da empresa de segurança digital BioCatch.
Um dos destaques do estudo é o aumento de 220% nos ataques de malware – softwares maliciosos que têm como objetivo roubar dados, espionar ou acessar sistemas de forma não autorizada – em comparação ao segundo semestre de 2024. O total de incidentes nesse período já superou o registrado em todo o ano passado.
De acordo com o levantamento, os malwares não apenas roubam credenciais, mas também automatizam pagamentos, realizam transferências em massa e se camuflam como atividades legítimas, reproduzindo cliques, movimentos do mouse e até digitação de senhas.
Outro ponto preocupante são os golpes da chamada “falsa central”, que dobraram em 2025. Nesse tipo de fraude, criminosos se passam por atendentes de bancos e convencem clientes a realizar transferências, burlando senhas, biometria e confirmações. Segundo a BioCatch, esses crimes demonstram o investimento dos grupos organizados em persuasão e psicologia, construindo narrativas convincentes que enganam até usuários experientes.
No Brasil, a maioria das fraudes digitais envolve esse tipo de golpe, conhecido também como vishing, em que o contato por telefone é a principal ferramenta para induzir o erro. Além disso, há um aumento de casos combinando violência física – como roubos de celulares à mão armada – com ataques digitais sofisticados. Fraudes ligadas a dispositivos roubados triplicaram em 2025, segundo o estudo.
“O que mais preocupa não é apenas a sofisticação técnica dos golpes, mas a velocidade com que eles escalam. Isso exige das instituições financeiras uma postura colaborativa e tecnológica muito mais ousada. Não basta reagir, é preciso antecipar ataques e proteger as pessoas delas mesmas utilizando o que existe de mais humano – seu comportamento”, afirmou Cassiano Cavalcanti, especialista em segurança digital da BioCatch.
Números que evidenciam o problema
- Perdas com fraudes no sistema financeiro atingiram R$ 10,1 bilhões em 2024, alta de 17% em relação a 2023 (FEBRABAN);
- Fraudes e golpes via Pix cresceram 43% em dois anos, movimentando cerca de R$ 2,7 bilhões;
- Tentativas de fraude digital em 2024 somaram cerca de R$ 3 bilhões, metade relacionada a falsas centrais;
- O volume geral de tentativas de fraude aumentou 56% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024.
O levantamento aponta que 80% dos executivos de bancos acreditam que a colaboração entre instituições deve se intensificar nos próximos cinco anos, com sistemas de compartilhamento de histórico de fraude em tempo real. Além disso, 86% preveem um crescimento acelerado dos golpes de pagamento direcionados a consumidores, especialmente via Pix, refletindo a vulnerabilidade do sistema.
O cenário descrito pelo estudo evidencia um desafio crescente para bancos, autoridades e consumidores, mostrando que a combinação de tecnologia avançada e ações criminosas bem estruturadas vem ampliando o impacto das fraudes digitais no país.




















