Visitante interestelar, cometa 3I/ATLAS atinge maior aproximação da Terra

27
Cometa 3I/ATLAS se aproxima da Terra a 270 milhões de km (Foto: Fala Ciência via Gemini)

Com mais de 7 bilhões de anos, objeto intriga cientistas com fenômenos raros

O cometa 3I/ATLAS, um dos raros visitantes interestelares já identificados pela ciência, atinge nesta sexta-feira (19), o ponto de maior aproximação da Terra. Apesar do termo “aproximação”, o objeto permanecerá a cerca de 270 milhões de quilômetros do planeta — distância considerada segura e muito além da órbita da Lua.

De acordo com cálculos astronômicos, o momento exato da maior proximidade ocorre às 3h02 (horário de Brasília). Ao longo do dia, porém, a distância entre o cometa e a Terra praticamente não se altera, um comportamento considerado curioso diante das dimensões do Sistema Solar.

O 3I/ATLAS chama atenção não apenas pela passagem relativamente próxima, mas principalmente por sua origem interestelar e por características consideradas incomuns. Estimativas indicam que o cometa tenha mais de 7 bilhões de anos, o que o tornaria mais antigo que o próprio Sistema Solar.

Análises do núcleo e da coma — a nuvem de gás e poeira que envolve o cometa — revelaram a presença de compostos químicos raros, como níquel atômico e dióxido de carbono. A identificação contou com apoio de observações feitas por missões científicas, entre elas a SPHEREx.

A coma do 3I/ATLAS chega a cerca de 350 mil quilômetros de extensão e apresenta um brilho esverdeado no espectro visível. Outro fenômeno que surpreendeu os pesquisadores foi o surgimento de uma anticauda, estrutura que aponta na direção do Sol — algo pouco comum em cometas desse tipo.

Observações recentes também apontam indícios de vulcões de gelo ativos e até emissão de raios X, características inéditas já registradas em um objeto interestelar.

Missões acompanham o visitante

A passagem do 3I/ATLAS mobilizou diversas missões espaciais. As sondas JUICE e Europa Clipper, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Nasa, aproveitaram a aproximação do cometa na região de Júpiter para coletar dados, enquanto a missão Juno monitorou possíveis alterações na trajetória e no comportamento do objeto.

Já a sonda MAVEN, que orbita Marte, detectou átomos de hidrogênio associados ao cometa e registrou imagens detalhadas da coma em ultravioleta. Segundo os cientistas, essas informações são fundamentais para compreender a origem do 3I/ATLAS e os processos físicos e químicos que moldam cometas tão antigos.

Próximos passos

Após atingir o ponto de maior aproximação com a Terra, o 3I/ATLAS seguirá em trajetória de saída do Sistema Solar. Em março de 2026, a passagem próxima por Júpiter pode provocar uma leve alteração em sua rota, influenciada pela força gravitacional do planeta.

Para astrônomos profissionais e observadores amadores, a passagem do cometa representa uma oportunidade rara de estudo. Os dados coletados devem ajudar a ampliar o conhecimento sobre a composição, estrutura e dinâmica de objetos interestelares, considerados verdadeiras relíquias do espaço profundo.