Milei critica Lula e apoia pressão dos EUA sobre a Venezuela em cúpula do Mercosul

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Além de atacar Maduro, Milei afirmou que Mercosul sofre com burocracia (Foto: Gov.br/YouTube/Reprodução)

Presidente argentino elogiou postura de Donald Trump, enquanto Lula alertou para risco de catástrofe humanitária

O presidente da Argentina, Javier Milei, fez críticas diretas ao governo brasileiro e defendeu a pressão dos Estados Unidos sobre a Venezuela durante a Cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR). Em discurso duro, Milei elogiou a postura do presidente norte-americano Donald Trump e classificou o regime de Nicolás Maduro como uma “ditadura atroz e inumana”.

“A Venezuela continua sofrendo uma crise política e humanitária devastadora. A Argentina saúda a pressão dos Estados Unidos e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo da tibieza terminou”, afirmou o presidente argentino.

A declaração ocorreu minutos depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotar tom oposto ao abrir a cúpula. Lula alertou que uma eventual intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela representaria uma “catástrofe humanitária” e criaria um “precedente perigoso para o mundo”.

“Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério”, disse o presidente brasileiro.

As falas refletem o aumento da tensão entre Washington e Caracas. Desde agosto, os Estados Unidos intensificaram a movimentação de seu aparato militar no Caribe, inicialmente sob a justificativa de combate ao tráfico internacional de drogas. Declarações recentes de Donald Trump sobre a possibilidade de conflito armado ampliaram a preocupação entre líderes da região.

Ao se referir a Maduro, Milei utilizou o termo “narcoterrorista” e afirmou que o regime venezuelano projeta uma “sombra sombria” sobre a América do Sul. O presidente argentino também pressionou os demais países do Mercosul a adotarem uma condenação explícita às violações de direitos humanos na Venezuela.

A iniciativa, no entanto, não avançou. O Brasil rejeitou, na sexta-feira, uma proposta de resolução apresentada por Argentina e Paraguai contra o governo venezuelano, aprofundando o isolamento diplomático defendido por Milei dentro do bloco.

Durante o discurso, o presidente argentino ainda exigiu a libertação do policial argentino Nahuel Gallo, detido na Venezuela, e citou o reconhecimento internacional da líder opositora María Corina Machado, recentemente premiada com o Nobel da Paz.

Além da crise venezuelana, Milei também direcionou críticas ao próprio Mercosul. Segundo ele, o bloco se afastou de seus objetivos originais e se tornou excessivamente burocrático, com baixo dinamismo comercial e falta de coordenação macroeconômica.

“O que existe hoje é uma burocracia excessiva e ineficaz”, afirmou.

Milei defendeu uma ampla reforma institucional do Mercosul, com redução de custos, flexibilização de regras e simplificação das tarifas externas. Também criticou a demora na conclusão do acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia, classificando o ritmo das negociações como inaceitável.

Antes do encerramento da cúpula, o presidente argentino voltou a reivindicar a soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas e pediu apoio dos demais países do bloco.