Funcionários da Santa Casa entram em greve após atraso no pagamento do 13º salário

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Atraso no 13º leva enfermeiros e administrativos da Santa Casa à greve em Campo Grande (Foto: Redes sociais)

Enfermeiros e administrativos protestam contra proposta de parcelamento do benefício até março de 2026

Enfermeiros e funcionários do setor administrativo da Santa Casa de Campo Grande iniciaram uma greve na manhã desta segunda-feira (22) em protesto contra o atraso no pagamento do 13º salário. Antes das 6h30, trabalhadores se concentraram no saguão do hospital para cobrar uma solução imediata.

Segundo relatos de funcionários, a categoria rejeita a proposta apresentada pela direção do hospital de parcelar o benefício em três vezes, com pagamentos previstos apenas para janeiro, fevereiro e março de 2026. “Isso é uma vergonha com o trabalhador”, afirmou uma profissional que preferiu não se identificar.

Com a paralisação, a Santa Casa informou que o número de profissionais em atividade será reduzido, o que deve impactar o atendimento aos pacientes a partir desta segunda-feira. Serviços de urgência e emergência seguem como prioridade.

Ainda nesta manhã, médicos do hospital participam de uma assembleia na sede do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) para discutir medidas diante do atraso nos pagamentos. O presidente da entidade, Marcelo Santana Silveira, afirmou que já foi ingressada uma ação judicial sobre o caso. “A categoria está bastante chateada; é uma situação que se repete”, disse.

A decisão de não pagar o 13º salário em dezembro foi comunicada aos trabalhadores na última sexta-feira (19), durante reunião entre a direção do hospital e representantes sindicais. De acordo com a ata do encontro, a administração alegou “situação financeira crítica”, com desequilíbrio econômico-financeiro do contrato com o poder público há pelo menos três anos. A proposta apresentada prevê o pagamento em três parcelas, sempre no dia 25, entre janeiro e março de 2026, com possibilidade de antecipação apenas se houver disponibilidade de recursos.

A medida revoltou os sindicatos. O presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS), Lázaro Santana, afirmou que cerca de 1.400 profissionais da enfermagem serão prejudicados. “O 13º é um direito garantido por lei e fundamental para o planejamento financeiro das famílias neste período do ano”, declarou.

Crise e superlotação

A paralisação ocorre em meio a um cenário de crise já conhecido na Santa Casa. No início de dezembro, o hospital voltou a afirmar que opera no limite da capacidade, com superlotação e paralisação de anestesiologistas, o que levou à suspensão de cirurgias eletivas e à adoção de um regime de contingência, priorizando apenas urgência e emergência.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) também acompanha a situação. Em ação civil pública, o órgão classificou o cenário como de “colapso institucional”, citando falta de insumos, dívidas com médicos e fornecedores, setores paralisados e risco de interrupção de atendimentos de alta complexidade. O MP pede que Estado, município e a administração do hospital apresentem um plano emergencial para restabelecer os serviços e garantir a assistência à população.

Procurada, a Santa Casa informou que ainda não tem um posicionamento oficial sobre a greve e que deve se manifestar em breve.