Efeito suspensivo mantém assembleia que afastou ex-dirigente e garante permanência da atual diretoria
A disputa judicial pelo comando do futebol sul-mato-grossense ganhou mais um capítulo, mas sem mudança no poder. A Justiça suspendeu os efeitos da decisão que havia anulado a assembleia-geral responsável por destituir Francisco Cezário de Oliveira da presidência da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), impedindo, ao menos por enquanto, qualquer possibilidade de retorno do ex-dirigente ao cargo.
A decisão é da juíza Cíntia Xavier Letteriello, em segunda instância, que concedeu efeito suspensivo ao recurso de apelação apresentado contra a sentença do juiz substituto Tito Gabriel Cosato Barreiro, da 2ª Vara Cível de Campo Grande. Com isso, ficam suspensos os efeitos da anulação da assembleia realizada em outubro de 2024, até o julgamento definitivo do recurso.
Na prática, nada muda na condução da federação. O atual presidente, Estevão Petrallás, permanece no comando da FFMS. Segundo a magistrada, a medida busca evitar instabilidade administrativa antes da análise final do caso, uma vez que alterações na gestão poderiam comprometer o funcionamento da entidade.
A assembleia-geral extraordinária que destituiu Cezário ocorreu em 14 de outubro de 2024. À época, o juiz de primeira instância entendeu que, embora a convocação tivesse seguido o estatuto da FFMS atualizado em 2024, os documentos que embasaram o pedido de afastamento ainda estavam amparados na normativa de 2022, o que motivou a anulação do ato.
Mesmo com aquela decisão, a Justiça já havia deixado claro que a anulação da assembleia não resultaria automaticamente na recondução de Cezário ao cargo. O ex-dirigente segue afastado também por decisões da esfera criminal, que o impedem de atuar como gestor esportivo.
Cezário é investigado na Operação Cartão Vermelho, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que apura o desvio de cerca de R$ 10 milhões da federação. Segundo a investigação, os desvios ocorreram entre 2018 e 2023, por meio de saques fracionados, pagamentos a empresas e retorno de valores ao grupo criminoso. Parte do esquema também envolvia diárias de hotéis custeadas com recursos públicos durante competições estaduais.
O ex-presidente chegou a ser preso duas vezes em 2024, permanecendo detido por períodos distintos. Após a primeira prisão, ficou 15 dias na cadeia e passou a cumprir medidas cautelares. Em agosto, voltou ao presídio, onde permaneceu por mais duas semanas.
Após o afastamento definitivo, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) nomeou Estevão Petrallás como interventor da FFMS. Em abril de 2025, ele foi eleito presidente da entidade para mandato até 2027, com reconhecimento formal da confederação nacional.
A defesa de Cezário informou que não pretende recorrer da decisão que suspendeu os efeitos da anulação da assembleia. O processo segue agora para análise definitiva pelo Tribunal, enquanto a atual diretoria permanece à frente da federação.


