A pauta de hoje, nossa luta

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07/04/2016 13h53

A pauta de hoje, nossa luta

Jornalistas são lutadores.

Eles lutam por respostas para uma diversidade de problemas: as violências, as injustiças, as corrupções, as epidemias, as tragédias, as crises econômicas e políticas, os impedimentos para que o cidadão exerça seus direitos etc. E ao alertar sobre o negativo e a morte, querem promover o positivo e a vida.
Dessa forma sua energia é um ponto de interrogação.

Cada notícia é o resultado de dezenas de pontos de interrogação para uma variedade de fontes, sempre em busca do equilíbrio, da pluralidade e da promoção do contraditório. Quando o que se quer é oferecer informação de qualidade para o público é preciso ir além da simples replicação de declarações e de imagens.
É preciso saber fazer as perguntas e fazer as perguntas certas.

Assim, jornalismo é uma profissão que dá trabalho.

O que está publicado nos jornais, revistas, portais, rádios e TVs por vezes está no formato e uso de linguagem jornalística, mas não é jornalismo. Pode ser perfumaria, jabá, informe publicitário ou um amontoado de falas e opiniões e também pode ser mentira.

O público não é bobo.

Logo percebe que deveriam ter sido feitas mais perguntas sobre aquele acontecimento, que alguma coisa está
faltando ou está demais.

Por isso o jornalista sempre mira no interesse público, no direito fundamental do cidadão à informação e sua conduta deve seguir à risca o Código de Ética.

Se ele mira em sentido oposto atendendo interesses esdrúxulos e às vezes sendo pressionado pelo patrão, ele não está sendo jornalista, mas apenas um ventríloquo. Perdeu a própria voz.

Mas é só começar a fazer as perguntas, as perguntas certas, que surgem os constrangimentos. As tentativas de censura, na maioria das vezes, são dentro da própria redação, de anunciantes, de fontes e até do próprio jornalista que precisa entender seus preconceitos e posicionamentos religiosos, políticos e ideológicos para evitar que eles interfiram na interpretação dos fatos.

Há outro fator limitante na hora do “vamos ver”: o tempo. Ele pode apressar a apuração dos fatos, a pesquisa e prejudicar a reflexão.

O jornalista luta contra isso.
Desenvolve habilidades de concentração em ambientes hostis, técnicas de investigação e ferramentas para checar a informação. Não quer que o relógio “atropele” a notícia porque não quer espalhar equívocos, beneficiar interesses mesquinhos ou publicar apenas a aparência do fato.
Isso é contra a força que move seu fazer.

Por isso a luta do Sindicato sempre será uma constante por melhores condições de trabalho, valorização do jornalista, salários dignos, qualificação profissional, segurança na cobertura dos fatos, combate à precarização, liberdade de imprensa, ética profissional e respeito aos direitos autorais.

Porque jornalismo é difícil, não consegue ser produzido de qualquer jeito por qualquer um.
Jornalismo é profissão.

Dourados (MS), 07 de abril de 2016

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados (SINJORGRAN)