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domingo, 21 de setembro, 2025
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Acidentes de moto deixam um em cada três vítimas com sequelas permanentes

Uma pesquisa inédita da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) revela que um terço das vítimas de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas atendidas nos principais serviços de ortopedia e traumatologia do país sofre sequelas permanentes. O levantamento ouviu 95 chefes e preceptores de serviços de residência em ortopedia e foi apresentado na quinta-feira (17), durante fórum na Câmara dos Deputados, como parte da campanha “Na moto, na moral”, que busca reduzir a mortalidade de motociclistas.

Segundo o estudo, os serviços de saúde receberam, em média, 360 vítimas de trânsito por mês nos últimos seis meses, sendo que dois terços eram motociclistas. Ao receber alta, 56,7% apresentaram poucas sequelas, enquanto 33,9% ficaram com danos permanentes. Além disso, 82% relatam dor crônica, 69,5% têm deformidades, 67,4% déficit motor e 35,8% sofreram amputações.

Perfil das vítimas e lesões

O estudo mostra que 72,8% das vítimas são homens, 40,7% têm entre 20 e 29 anos e 64% eram motociclistas no momento do acidente. Cerca de 29,2% haviam consumido álcool e 16% outras drogas. A maioria das colisões envolveu automóveis (47,1%), enquanto 44,5% foram quedas.

Em relação às lesões, mais da metade acomete membros inferiores (51,4%), enquanto 22,8% tiveram lesões na coluna e 22,8% nos membros superiores. Cerca de 6,5% apresentaram infecções pós-operatórias e 12,9% precisaram de reinternação.

Impacto no sistema de saúde

O levantamento mostra que as vítimas demandam cirurgias de baixa, média e alta complexidade, sendo realizadas, em média, 45, 58 e 43 procedimentos mensais, respectivamente. A pressão sobre os hospitais causa atraso em cirurgias eletivas (18 por mês) e até cancelamento de emergências (8 por mês).

Exemplo de caso

Jéssica Santos, de 29 anos, ilustra o impacto dos acidentes. Após colisão de moto no Rio de Janeiro, sofreu fraturas na bacia e mão, precisou de cirurgias múltiplas e continua com mobilidade limitada e dor crônica quase um ano depois.

Propostas e soluções

O coordenador da Senatran, Marco Antônio Motta, informou que está em teste um projeto piloto de faixas exclusivas para motociclistas em cinco cidades, com avaliação até março de 2026. Já o Conass sugere reduzir incentivos fiscais para motos e facilitar a habilitação.

Para Marcelo Matos, diretor do Sindmoto-RJ, campanhas de conscientização e melhores condições de trabalho são essenciais. Ele alerta que a explosão da frota de motocicletas e o aumento de trabalhadores de aplicativos sem vínculo formal geram riscos ainda maiores para jovens motociclistas.

O presidente da SBOT, Paulo Lobo, enfatiza: “Estamos vivendo uma epidemia de sinistros com motos”, reforçando a urgência de políticas públicas mais eficazes para reduzir acidentes e sequelas permanentes.

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