Afonso Pena amanhece ocupada por ato contra feminicídios

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(Foto: Redes sociais)

Capital sul-mato-grossense foi uma das primeiras a iniciar mobilização nacional que denuncia impunidade e violência

Campo Grande foi uma das primeiras cidades do país a iniciar, na manhã deste domingo (7), a mobilização nacional “Mulheres Vivas – Basta de feminicídio”, que reúne mulheres de diversas regiões para denunciar o aumento dos casos de violência de gênero no Brasil. O ato começou por volta das 8h20, na Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, e ganhou força ao longo da manhã, reunindo cerca de 250 pessoas até as 9h.

A manifestação integra uma campanha nacional convocada por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, com o objetivo de exigir justiça, romper o silêncio e reforçar que a sociedade não aceitará mais a impunidade diante da escalada dos feminicídios.

Somente em 2025, já foram contabilizados 1.177 assassinatos contra mulheres e 2.990 tentativas. Em Mato Grosso do Sul, já foram 38 vítimas. Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) revelam ainda 1.819 casos de estupro, 75 tentativas de feminicídio e 18.508 registros de violência doméstica até fim da primeira quinzena de novembro deste ano.

Ato toma a Afonso Pena ao longo da manhã

Desde cedo, equipes da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana estiveram no local para garantir a segurança e organizar o trânsito. Às 9h10, durante o sinal vermelho, manifestantes ocuparam parte da Afonso Pena e estenderam faixas com frases como “Mulheres Vivas. Feminicídio Não.”

Cartazes feitos à mão foram distribuídos a quem chegava, e o movimento contou com a presença de figuras públicas, como a vereadora Luiza Ribeiro (PT) e o advogado Fábio Trad, que acompanharam o protesto.

Às 10h10, o grupo iniciou a passeata pela Afonso Pena, retornando pela Rua Pedro Celestino. Com apoio da PM, que realizou o balizamento do trajeto, a caminhada seguiu de forma pacífica. Por volta das 10h35, os participantes começaram a retornar ao local de concentração, encerrando o percurso cerca de dez minutos depois.

Mobilização nacional ocorre em diversas capitais

Além da capital sul-mato-grossense, atos ocorrerão ao longo do dia em várias cidades brasileiras, incluindo:

  • São Paulo (SP): 14h — Vão do Masp
  • Curitiba (PR): 10h — Praça João Cândido
  • Rio de Janeiro (RJ): 12h — Posto 5, Copacabana
  • Belo Horizonte (MG): 11h — Praça Raul Soares
  • Brasília (DF): 10h — Feira da Torre de TV
  • Manaus (AM): 17h — Largo São Sebastião
  • São Luís (MA): 9h — Praça da Igreja do Carmo
  • Teresina (PI): 17h — Praça Pedro II

Violência de gênero em alta impulsiona protestos

A onda de feminicídios recentes mobilizou o país. Entre os casos mais chocantes está o assassinato da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, encontrada carbonizada em Brasília na sexta-feira (5). O soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, confessou o crime.

Outro caso que repercutiu aconteceu no fim de novembro, quando Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por quase um quilômetro. No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Cefet-RJ foram mortas por um servidor da instituição, que se matou em seguida.

Números mostram gravidade da crise

  • 2024: 1.459 mulheres assassinadas — média de 4 por dia.
  • 2025: mais de 1.180 feminicídios já registrados.
  • O Ligue 180 recebe quase 3 mil denúncias diárias.
  • 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica no último ano.

Governo pede mobilização nacional

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que o país construa um amplo movimento contra a violência de gênero, destacando a responsabilidade dos homens para ajudar a transformar a cultura que sustenta essa violência.

Em Campo Grande, o ato desta manhã reforçou esse pedido, levando às ruas o grito de alerta das mulheres contra a brutalidade que avança sobre vidas todos os dias. O recado do protesto foi claro: elas querem viver — e exigem que o país as proteja.