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quarta-feira, 20 de agosto, 2025
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Altcoins em alta nas buscas do Google: Brasil mira ETFs

O interesse por Ethereum voltou ao pico de 2 anos e as pesquisas no Google por altcoin atingiram o maior nível desde 2021. A leitura não prevê preços, mas sinaliza momentos de curiosidade de varejo, um traço comum em fases iniciais de rotações de mercado além do Bitcoin.

No Brasil, essa atenção encontra um ambiente de investimento mais maduro do que nos ciclos passados. Há ETFs de cripto negociados na B3, regras fiscais mais claras e ofertas de produtos que vão além de Bitcoin e Ether.

ETFs e tesourarias: Os gatilhos que alimentam a rotação

O interesse por altcoins cresce em paralelo a dois vetores que ampliam o apetite institucional. A evolução dos ETFs e a diversificação de tesourarias corporativas. Nos Estados Unidos, os ETFs à vista de Ethereum (ETH) começaram a ser negociados em 23 de julho de 2024, depois de aprovação final da SEC.

Inaugurando assim uma nova frente de captação para o ecossistema além do BTC. Um ano depois, os fundos de ETH ganharam tração. De acordo com compilações de mercado, os ETFs de Ethereum acumularam bilhões de dólares em entradas líquidas desde a estreia e registraram sequências de dias com captação positiva.

Isso enquanto o iShares Ethereum Trust (ETHA), da BlackRock, ultrapassou 10 bilhões de dólares em ativos sob gestão. Esse pano de fundo, associado a períodos de queda na dominância do Bitcoin, costuma reacender a conversa sobre a próxima altseason, quando ativos fora do BTC tendem a performar melhor por janelas de tempo.

Em termos de fluxo, os ETFs de Ethereum superaram a captação líquida dos ETFs de Bitcoin, reforçando a hipótese de rotação parcial do interesse institucional. Não se trata de uma garantia de desempenho futuro, mas é um sinal objetivo de apetite fora do BTC.

B3 tem ETFs de cripto e primeiras experiências além de BTC/ETH

No mercado doméstico, investidores contam com ETFs cripto listados na B3 desde 2021, como QBTC11 e ETHE11, além do QETH11. Essa infraestrutura permite exposição regulada a Bitcoin e Ethereum via corretoras locais, sem a necessidade de autocustódia.

A praça brasileira também começou a experimentar ativos além do “duopólio” BTC/ETH. Em 29 de agosto de 2024, estreou na B3 o QSOL11, primeiro ETF 100% Solana do mundo, com R$ 15,5 milhões captados na largada.

Em setembro de 2024, a Hashdex emplacou o SOLH11, ampliando o cardápio local de exposição a altcoins de grande capitalização. Esses marcos mostram que os brasileiros que investem, já tem pontes para navegar uma eventual rotação para grandes altcoins usando o mercado regulado.

A própria B3 passou a destacar em seus boletins mensais os volumes e a negociação por mercado de ETFs, material em que aparecem os códigos QBTC11, QETH11 e BITH11, entre outros cripto-relacionados. Embora as séries sejam agregadas, os relatórios ajudam a acompanhar tendência de interesse no varejo e no institucional doméstico.

Tesourarias e sinais de demanda fora do varejo

No exterior, empresas listadas vêm diversificando tesourarias com ETH, coisa que sustentou uma parte dos fluxos para os ETFs de Ethereum. Entradas diárias recordes no ETHA e a rápida evolução do patrimônio desses fundos são um indicativo de interesse de capital “não cripto-nativo”.

Para os que investem, esses eventos importam porque tendem a influenciar preços e, por consequência, ETFs locais correlacionados. Além disso, nas últimas semanas, quedas na dominância do Bitcoin, um padrão que historicamente antecede fases em que grandes altcoins ganham tração relativa.

Gestores no Brasil têm citado esse comportamento como típico de momentos de rotação, embora ressaltem que ele pode ser intermitente e depender das condições de liquidez global.

Para o público brasileiro, acompanhar cotações em R$ ajuda a tirar ruído cambial. Em 14 de julho de 2025, por exemplo, o Bitcoin marcou máxima histórica em reais, a R$ 678.855, num momento em que a criptomoeda também testava recordes em dólar.

Esse tipo de referência facilita a leitura de risco e retorno de carteiras domésticas em comparação com outros ativos negociados na B3. No campo regulatório e fiscal, segue vigente a Instrução Normativa RFB 1.888/2019, que obriga a prestação de informações sobre operações com criptoativos em situações específicas.

Quando o Google Trends aponta aceleração de buscas por termos criptos importantes, a experiência de ciclos anteriores sugere que parte do varejo começa a estudar oportunidades fora do Bitcoin. Hoje, a diferença é que o investidor brasileiro dispõe de ETFs locais e, mais recentemente, produtos de Solana para executar essa tese com arquitetura regulada.

A combinação de fluxos em ETFs de ETH no exterior, produtos disponíveis na B3 e ambiente fiscal mapeado cria as condições para que a rotação deixe de ser apenas narrativa e passe a ser observável em dados.

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