Produtos adulterados do Keytruda e Avastin foram identificados em várias regiões; distribuidora investigada teve licença cassada
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, na terça-feira (21), a apreensão imediata de lotes falsificados dos medicamentos Keytruda e Avastin, utilizados no tratamento de diversos tipos de câncer. As versões adulteradas foram encontradas em hospitais e clínicas de diferentes regiões do Brasil.
A decisão foi tomada após as farmacêuticas MSD e Roche confirmarem que os produtos não são originais. Os medicamentos falsificados eram distribuídos pela empresa LAF MED Distribuidora de Medicamentos e Materiais Hospitalares, que teve sua licença cassada.
Segundo a Anvisa, a distribuidora é investigada por participação em um esquema de falsificação de remédios oncológicos, descoberto durante uma operação conjunta em Fortaleza (CE), que contou com apoio da Secretaria Estadual de Saúde e da Agência de Fiscalização municipal.
Durante a fiscalização, foram encontradas caixas com rótulos em inglês e sem registro nacional, o que indica possível falsificação internacional. Também foram apreendidas notas fiscais que comprovam a venda irregular dos produtos.
A primeira denúncia surgiu em junho, quando um hospital de Palmas (TO) relatou suspeita sobre o lote SO48607 do medicamento Keytruda. A MSD confirmou que o frasco era falso, apresentando selo holográfico adulterado e inscrições em árabe.
Em julho, outro caso foi registrado em Vitória da Conquista (BA), envolvendo o lote YO19148, também adquirido da LAF MED. O produto não tinha número de registro da Anvisa e apresentava diferenças visuais em relação ao original. No caso do Avastin, a falsificação foi identificada no lote H0386H05. A Roche informou que, embora o código fosse semelhante ao verdadeiro, o rastreamento e as embalagens mostraram inconsistências.
A Anvisa alertou que o uso de medicamentos falsificados representa grave risco à saúde, podendo comprometer o tratamento e causar efeitos severos, inclusive morte. O órgão reforçou ainda que a falsificação de medicamentos é crime hediondo, com pena de 10 a 15 anos de prisão.