Com safra em andamento, aumento na oferta do grão começa a derrubar os preços
Depois de 16 meses consecutivos de aumento, o café em pó finalmente apresentou uma leve queda de preço para o consumidor. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o produto registrou um recuo de 0,18% entre os dias 16 de junho e 15 de julho — a primeira baixa desde março de 2023.
Embora o recuo seja modesto, representa um alívio simbólico para os consumidores, após um longo período em que o tradicional cafezinho pesou cada vez mais no bolso. Segundo a Fipe, o café em pó ainda está 86,5% mais caro do que há um ano, reflexo da forte escalada nos preços iniciada em 2022.
Safra derruba preços
O recuo, segundo economistas, já era esperado para o segundo semestre, acompanhando o avanço da colheita do grão no Brasil, que ocorre entre março e setembro, com pico nos meses de junho e julho. Com a maior oferta de café no mercado, as cotações começaram a ceder, influenciando o preço final ao consumidor.
A tendência é de que os preços continuem caindo nas próximas semanas, acompanhando o ritmo da safra brasileira, uma das maiores do mundo. O cenário reforça a expectativa de estabilidade — ou até de novos recuos — nos supermercados.
Incerteza internacional
No entanto, um fator externo pode ameaçar esse cenário positivo: a tarifa de 50% imposta pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Os EUA são o principal destino do café nacional, representando cerca de 16% das exportações brasileiras do grão.
Mesmo com o impasse, o setor mantém o otimismo. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), há espaço para diversificar mercados e redirecionar parte da produção para países com alta demanda e que já consomem o café brasileiro, como China, Índia, Indonésia e Austrália.
Alívio no bolso e expectativa de mais quedas
A queda nos preços ainda é discreta, mas representa o início de uma virada no mercado, após meses de pressão inflacionária. Para o consumidor final, significa esperança de pagar menos pela bebida preferida dos brasileiros, enquanto o setor produtivo se movimenta para garantir novos mercados e proteger a competitividade do café nacional.