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Azambuja diz que delação da JBS e “Leviana e mentirosa”

Publicado em 20/05/2017 14h04

Azambuja diz que delação da JBS e “Leviana e mentirosa”

O governador criticou pressão do JBS por incentivos o estado. Ainda disse que “acordo de cavalheiros” para pagar conta de Delcídio das eleições é uma piada

Da redação

Durante a entrega de 32 viaturas para a Polícia Militar, Civil e Corpo de Bombeiros no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho, em Dourados, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) chamou de leviana e mentirosa a citação de seu nome na delação de um dos donos da JBS, Wesley Batista, que afirmou à procuradores da República ter negociado diretamente com o chefe do Executivo sul-mato-grossense para o pagamento de propinas.

“Leviana, mentirosa e utópica essa delação”, disse, continuando posteriormente, “ele acusou e agora eu vou provar, através de documentos, que isso não existe. Vou me defender desses delatores mentirosos”, contou.

O governador defendeu a lisura do acordo de incentivos fiscais formalizado em sua gestão e destacou que, inclusive, outros termos firmados pelos governos anteriores não foram renovados. Ainda, destacou que o grupo ameaçou retaliar o Estado com o fechamento de plantas, diante dessa negativa de renovação.

Azambuja esclareceu que desde o início de 2015 seu Governo iniciou reestruturação de todos os termos de acordo com várias empresas, não somente às ligadas ao grupo J&F, que controla JBS. Muitos foram extintos e não foram renovados quando venceram. Ele acrescentou que havia forte pressão do JBS para mantê-los. “Ameaçaram retaliar Estado fechando algumas plantas. Fecharam Iguatemi, Coxim e mantivemos a política que entendemos viável”, declarou o governador, sobre a postura mantida pela sua gestão.

Ainda, o governador classificou como ‘piada’ o suposto ‘acordo de cavalheiros’ feito com o ex-senador Delcídio do Amaral para que o vencedor das eleições de 2014 ao governo do Estado quitasse a dívida de campanha contraída junto ao grupo JBS. A afirmação consta da delação realizada por Wesley Batista, um dos donos do grupo, a procuradores da República.

“Mentira deslavada essa que diz respeito a disputa eleitoral. É piada dizer sobre o acordo. Algo impensável feito por uma pessoa que tem muito a esclarecer pelo enriquecimento do grupo”, resumiu o governador.

Delação

Esquema de pagamento de propina

Na tarde de ontem, trechos da divulgação da delação do empresário Wesley Batista apontava um esquema de pagamento de propina em Mato Grosso do Sul que iniciou no governo Zeca do PT, passando por André Puccinelli (PMDB) e que, estaria continuando com Reinaldo.

Conforme Wesley, os valores milionários repassados aos gestores tinham como intuito a redução da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

“É um esquema de benefícios fiscais para redução da alíquota do ICMS. Esse esquema começou quando o Zeca do PT foi eleito como governador. O esquema conosco era de acerto de pagamento de propina em troca de redução de pagamento de ICMS no Estado”, disse aos procuradores.

De acordo com os documentos entregues à Procuradoria-Geral da República, o governador teria levado do grupo JBS, R$ 45.631.696,03 e do total, R$ 10 milhões teriam sido pagos a ele em espécie, e outros R$ 35 milhões por meio de pagamentos feitos com notas falsas emitidas por pessoas físicas e jurídicas.

O delator ainda afirmou que no atual governo, o próprio Azambuja seria o cuidador dos trâmites do esquema e detalhou as negociações.

“Já no governo atual do Reinaldo Azambuja fui eu que passei a tratar (…). Reinaldo Azambuja tratava comigo, o ‘Boni’ ia lá no palácio do governo em Campo Grande, pegava as notas em mãos com o governador e processava o pagamento e a mesma coisa, incentivos fiscais para redução de ICMS. Vários incentivos são legítimos e um dos termos de acordo não foi cumprido, foi simplesmente para reduzir o pagamento, só conseguia o termo de acordo se pagasse, se não pagasse, não conseguia”, disse Wesley.

Campanha

Em sua delação, Wesley disse que em 2014, seu irmão, Joesley Batista teria autorizado adiantamento para a campanha do então senador petista, que seria abatido se ele vencesse o pleito.

Caso o fato não ocorresse, o tucano seria o responsável por quitar a dívida. O valor repassado a Delcídio foi de R$ 12 milhões.

“Ficou lá uma conta corrente que o Joesley negociou com o Delcídio e com o Reinaldo que, se o Reinaldo ganhasse, um ia pagar a conta do outro. O Delcídio recebeu um valor relevante: R$ 12 milhões. Quando o Reinaldo ganhou, o Joesley falou: ‘Ó, a conta do Delcídio é sua’”.

Reinaldo Azambuja fez declarações hoje durante entrega de viaturas para a Polícia Militar, Civil e Corpo de Bombeiros, em Dourados - Eliel Oliveira

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