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quinta-feira, 19 de junho, 2025
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Banco Central eleva taxa Selic a 15% ao ano em meio a incertezas econômicas

Apesar do recuo recente da inflação, o Banco Central (BC) decidiu elevar os juros básicos da economia, a Taxa Selic, em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e surpreendeu parte do mercado financeiro, que esperava a manutenção da taxa em 14,75%.

No comunicado oficial, o Copom sinalizou que a Selic deve permanecer nesse patamar nas próximas reuniões, enquanto se avaliam os impactos acumulados do ciclo de alta sobre a economia. Contudo, não descartou novas elevações caso a inflação apresente nova alta.

“O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destacou o BC.

Este foi o sétimo aumento consecutivo da Selic, que alcança o maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. Desde setembro de 2024, a taxa passou por seis reajustes, com elevações que variaram entre 0,25 e 1 ponto percentual.

Inflação ainda acima do teto da meta

A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio de 2025, o IPCA teve alta de 0,26%, acumulando 5,32% nos últimos 12 meses, valor acima do teto da meta, que é 4,5%.

Desde janeiro de 2025, o Brasil adotou o sistema de meta contínua, que acompanha mensalmente a inflação acumulada em 12 meses. A meta central é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

O último Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado em março, elevou a previsão do IPCA para 2025 para 5,1%, com possibilidade de revisão conforme o comportamento do dólar e da inflação. Já o mercado financeiro, pelo boletim Focus, projeta uma inflação de 5,25% para o ano, praticamente 1 ponto percentual acima do teto da meta.

Para 2026, o BC prevê uma queda da inflação para 3,6%, dentro da meta, enquanto o mercado mantém expectativa semelhante.

Juros altos freiam economia

O aumento da Selic contribui para conter a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam consumo e produção. No entanto, essa política também retarda o crescimento econômico. A projeção do Banco Central para o PIB em 2025 foi revisada para baixo, de 2,4% para 1,9%. Já o mercado financeiro prevê expansão de 2,2%.

A Taxa Selic serve de referência para os juros cobrados em financiamentos, empréstimos e investimentos no país. A alta na Selic busca equilibrar o excesso de demanda e controlar a pressão sobre os preços.

O Copom sinaliza que, para iniciar um ciclo de cortes na taxa básica, será necessário ter segurança de que a inflação está sob controle e não há risco de alta futura.

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