Programação reúne artistas nacionais, oficinas e performances que conectam tradição e inovação da dança sul-mato-grossense
O chão de Campo Grande deve tremer entre os dias 20 e 23 de fevereiro, quando o MS Dance Fest chega à sua 12ª edição prometendo ser “a mais pesada da história”. Após dois anos de pausa, o festival — um dos mais importantes encontros da dança em Mato Grosso do Sul — retorna ocupando dois espaços simbólicos para o movimento: o Rádio Clube Cidade e a Praça do Rádio Clube, locais onde nasceu, há 29 anos, o projeto Funk-se, um marco da cultura urbana sul-mato-grossense.
Com batalhas, competições, workshops, performances e intervenções espalhadas pela cidade, o MSDF 2025 pretende unir tradição e renovação. A programação inclui, no sábado (22), uma intervenção do grupo Zumb.boys (SP) na Rua 14 de Julho com a Rua Barão do Rio Branco, ao meio-dia. Toda a agenda pode ser acompanhada pelo Instagram do Espaço Funk-se (@espacofnk).
Edição “pesada” e ampliada
Para o idealizador e diretor do Funk-se, Edson Clair, o termo “pesada” não tem relação com intensidade física, mas com amplitude artística.
“Pela primeira vez teremos uma competição de K-Pop, uma noite dedicada a estilos que não costumam ocupar o campo das danças urbanas, e o módulo MSDF Academy, focado em capacitação. Além disso, mantemos as batalhas com premiação em dinheiro. É uma edição pensada para contemplar todas as linguagens da dança”, explica.
Com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), o festival volta com estrutura robusta e programação que atravessa palco, rua e espaços de formação. Para Clair, o que emociona é ver a Praça do Rádio Clube novamente tomada por famílias, crianças e jovens celebrando a cultura do movimento.
MSDF Academy: mergulho na criação
O módulo formativo é direcionado a bailarinos, coreógrafos, diretores e intérpretes-criadores e propõe uma imersão em processos de criação e escuta do corpo. Entre os convidados estão nomes de relevância nacional, como Gladstone Navarro, Henrique Lima, André Rockmaster e Vitor Hanamoto — que ministra a oficina “Corpo entre Ar”.
Hanamoto descreve a proposta como um exercício de presença. “É um espaço de pesquisa, não de desempenho. A ideia é perceber como o ar atravessa o corpo e transforma o movimento. Em um mundo acelerado, parar para respirar é quase um ato de resistência”.
Workshops e colabs: dança como potência e encontro
A programação de workshops reúne artistas que têm influenciado a dança brasileira, entre eles Natasha Sousa, Vitor Lock, Vini Gomes (SP) e Max Moura (MS).
Natasha, que iniciou a trajetória em projetos sociais, vê o festival como um retorno às essências. “Voltar à base é lembrar o porquê de tudo. O MSDF é um espaço de partilha e de reencontro com aquilo que nos formou”.
Outro destaque é Max Moura, de Sonora, que participou de todas as edições do festival como competidor e agora retorna como professor. Foram 11 títulos conquistados ao lado da Cia Movimento Dance. “O que mais me marca não são os prêmios, mas as histórias e conexões que o MSDF proporciona. Voltar como professor é retribuir tudo o que vivi ali”, conta. Sua oficina mistura a energia dos anos 90 com técnicas contemporâneas do hip hop, trazendo a proposta de inspirar novos talentos.
As colabs deste ano reúnem artistas consolidados, como o duo Ariel Ribeiro e Lavínia de Lucca, além do trio formado por Jaqueline Basílio, Fernando Gomes e Samuel Santana (Sassá).
Premiações e homenagem à pioneira Sarah Figueiró
O festival terá competições em categorias solo, duo, trio e conjunto, nos níveis júnior e sênior, com premiação em dinheiro.
Nesta edição, o MSDF presta homenagem à artista plástica e professora Sarah Figueiró, referência histórica da dança no Estado.
“Homenagear quem abriu caminhos é educar o olhar das novas gerações. A dança em Mato Grosso do Sul foi construída por muitas mãos, e Sarah é uma das mais importantes delas”, afirma Edson Clair.











