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domingo, 17 de agosto, 2025
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Bolivianos vão às urnas em disputa acirrada entre oposição conservadora

Os eleitores da Bolívia votam neste domingo (17) em uma eleição geral que pode encerrar quase duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado pelo ex-presidente Evo Morales, que desta vez está impedido de concorrer. O pleito ocorre em meio à inflação mais alta em 40 anos e a uma crise de abastecimento de combustível e dólares no país.

Disputa acirrada

As pesquisas apontam vantagem para os candidatos conservadores da oposição: Samuel Doria Medina, empresário e magnata boliviano, e Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente do país. Nenhum deles, porém, supera os 30% de intenções de voto. Cerca de um quarto do eleitorado ainda está indeciso, o que torna o resultado imprevisível.

A fragmentação da esquerda contribuiu para o cenário. Os candidatos ligados ao MAS e a outras legendas de orientação progressista somam apenas 10% das intenções de voto, segundo pesquisa Ipsos CEISMORI de agosto. O candidato oficial do MAS, Eduardo del Castillo, tem o apoio do atual presidente Luis Arce, mas enfrenta resistência. Já Rodriguez, que se afastou do partido, tenta viabilizar sua candidatura de forma independente.

Se nenhum candidato obtiver mais de 40% dos votos válidos com vantagem mínima de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado, haverá segundo turno em 19 de outubro.

Economia em colapso

A deterioração da economia é a principal preocupação dos eleitores. A inflação anual dobrou em seis meses, saltando de 12% em janeiro para 23% em junho. Muitos bolivianos recorrem a criptomoedas para proteger suas economias, enquanto famílias de baixa renda enfrentam dificuldades para comprar itens básicos.

“Os preços da cesta básica estão subindo rapidamente. De repente, a matemática não bate mais”, afirma o economista Roger Lopez.

Nas ruas de La Paz, o descontentamento é evidente. Silvia Morales, de 30 anos, ex-eleitora do MAS, diz que pretende votar na centro-direita: “A cada ano a situação piora sob este governo”. Já o professor Carlos Blanco Casas, de 60 anos, destaca: “Esta eleição parece esperançosa. Precisamos de uma mudança de direção”.

Propostas dos candidatos

Quiroga, que governou o país entre 2001 e 2002, promete uma “mudança radical”, com cortes nos gastos públicos e o fim das alianças da Bolívia com Venezuela, Cuba e Nicarágua. Doria Medina, por sua vez, adota um tom mais moderado e propõe estabilizar a economia em 100 dias de governo.

Evo fora da disputa

Excluído da corrida, Evo Morales pediu que seus apoiadores boicotassem a votação, mas analistas apontam que sua influência vem diminuindo. “Há um apoio generalizado a estas eleições”, avalia Glaeldys Gonzalez Calanche, do International Crisis Group. “A maioria dos bolivianos vê a eleição como crucial para a recuperação econômica do país.”

O dia da votação

As urnas vão abrir às 8h (mesmo horário de MS) e serão fechadas às 16h. Os primeiros resultados devem sair ainda neste domingo à noite, mas o resultado oficial só será divulgado em até sete dias. Além da Presidência, os bolivianos elegem 26 senadores e 130 deputados, que tomarão posse em 8 de novembro.

Fronteira fechada

A linha internacional entre Corumbá e as cidades bolivianas, Puerto Quijarro e Puerto Suárez, foi fechada à meia-noite deste domingo e deve ser reaberta a partir das 21h. Do lado boliviano, o tráfego de veículos foi suspenso, com exceção dos autorizados pelo governo para atuar diretamente nas eleições. A circulação será retomada após o fim da votação. 

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