A Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) sediou, nesta quarta-feira (3), em Campo Grande, um encontro bilateral entre Brasil e Chile para revisar os esforços conjuntos em torno da Rota Bioceânica. O evento, realizado no Edifício Casa da Indústria, reuniu ministros, governadores, secretários e empresários dos dois países, consolidando a integração como prioridade estratégica.
Participaram da reunião a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o ministro chileno do Interior, Álvaro Elizalde, os governadores Eduardo Riedel (MS) e José Miguel Carvajal (Tarapacá, Chile), além do anfitrião Sérgio Longen, presidente da Fiems, que destacou a importância da articulação para garantir competitividade.
“Vejo com preocupação a formação das aduanas e o funcionamento da rota, mas entendo que são nesses encontros que vamos construir soluções e identificar oportunidades. A indústria nacional tem muito a ganhar com o acesso aos portos do Chile”, afirmou Longen.
Avanço da obra e perspectivas
A construção da ponte bioceânica, que ligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (Paraguai), já atingiu 77,5% de execução. A previsão é que a entrega ocorra em 2026, quando a rota deve começar a operar oficialmente. Para fortalecer as tratativas, protocolos de intenção foram assinados durante o encontro.
Simone Tebet ressaltou o impacto econômico do corredor. “Temos a chance de dobrar a balança comercial da América do Sul em cinco anos. O que faltava era logística e infraestrutura — e agora não falta mais”, disse, lembrando que o governo federal já destinou mais de R$ 600 milhões ao projeto.
O governador Eduardo Riedel destacou que a rota permitirá ampliar o comércio do Estado. “Mato Grosso do Sul exportou US$ 210 milhões ao Chile e importou US$ 191 milhões. Esse corredor vai impulsionar não apenas essa relação, mas toda a logística de exportação da região”, afirmou.
Rodada de negócios e novas oportunidades
O encontro também incluiu a Rodada de Negócios Brasil–Chile, que promoveu conexões entre produtores, exportadores e importadores. Empresários de diferentes setores avaliaram as opções logísticas mais adequadas e discutiram gargalos que ainda precisam ser superados.
Para o ministro chileno Álvaro García, a integração já se reflete em ações concretas. “O Chile está fortalecendo seus portos e rotas para garantir agilidade. O projeto é uma oportunidade de desenvolvimento para todos os envolvidos”, disse.
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, destacou a relevância do evento para a capital. “Estamos acompanhando de perto a concretização desse grande projeto de desenvolvimento, que já desperta novas possibilidades de negócios para os empresários locais”, afirmou.
Expectativa do setor privado
Empresários de ambos os países viram na rodada de negócios a chance de expandir mercados e estabelecer alianças. Katia Riveros, representante da empresa chilena Atacama Sustentable, ressaltou o caráter cultural e social da integração. “Queremos fortalecer as alianças do sul global, ampliando relações comerciais e culturais”, disse.
Já o empresário Nei Gomes, de Três Lagoas, que atua no setor de manutenção e locação de veículos pesados, avaliou positivamente a troca. “Os empresários chilenos abriram as portas e isso nos dá esperança para expandir nosso mercado. A rodada de negócios cria exatamente essas oportunidades”, afirmou.
