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quinta-feira, 16 de outubro, 2025
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Brasil e EUA retomam diálogo sobre tarifaço em meio a reaproximação entre Lula e Trump

Em um novo momento de distensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, representantes dos dois países se reúnem nesta quinta-feira (16) para iniciar as negociações sobre o tarifaço imposto pelo governo norte-americano. O encontro, marcado para Washington, busca transformar o impasse comercial em tratativas concretas, após semanas de gestos conciliatórios entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.

O tarifaço, anunciado em agosto, impôs uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, provocando uma queda de 18,5% nas exportações ao país norte-americano no primeiro mês de vigência. A medida foi justificada por Trump como resposta a “questões políticas internas do Brasil”, mencionando inclusive o caso judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, condenados por tentativa de golpe de Estado.

Clima de reaproximação

Desde o breve cumprimento entre Lula e Trump na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, a relação entre os dois líderes vem esfriando tensões acumuladas. Após o encontro, ambos relataram uma “boa química” — termo que Lula tratou com ironia dias depois, ao dizer que “não houve química, mas sim uma indústria petroquímica”.

No dia 6 de outubro, um telefonema entre os presidentes reforçou o tom diplomático. Trump chegou a classificar Lula como um “bom homem” em entrevista na Casa Branca, gesto que foi bem recebido pelo governo brasileiro.

Negociações em Washington

Na terça-feira (14), o chanceler brasileiro Mauro Vieira desembarcou em Washington para se reunir com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. O principal tema é a política tarifária que impacta diretamente o agronegócio e a indústria de exportação brasileira.

Segundo o Itamaraty, a expectativa é que o encontro abra caminho para redução das tarifas e restabeleça o equilíbrio nas relações comerciais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também demonstrou otimismo e afirmou que o Brasil apresentará “os melhores argumentos econômicos possíveis” aos norte-americanos.

Nos últimos 15 anos, os EUA acumularam superávit de US$ 410 bilhões nas trocas comerciais com o Brasil. Apesar das novas tarifas, especialistas apontam que o efeito tem sido negativo para o consumidor americano, com aumento nos preços de produtos como café e derivados de aço.

Obstáculos e desconfianças

Apesar do tom amistoso, o governo brasileiro encara o encontro com cautela. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, declarou na quarta-feira (15) que parte do tarifaço está ligada a “preocupações extremas com o Estado de Direito, censura e direitos humanos” no Brasil — referência indireta às decisões judiciais que envolvem plataformas digitais.

Nos bastidores, diplomatas avaliam que o perfil ideológico do secretário Marco Rubio pode dificultar avanços rápidos nas negociações. Mesmo assim, o Palácio do Planalto aposta que o clima de reconciliação entre Lula e Trump possa abrir espaço para uma retomada do diálogo e uma possível revisão das sanções comerciais nos próximos meses.

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