O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou neste domingo (12) que a escolha do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, como principal interlocutor nas negociações para reduzir as tarifas impostas a produtos brasileiros não representa um obstáculo ao pleito do Brasil.
A declaração foi dada em Aparecida (SP), onde Alckmin participou de eventos do feriado de Nossa Senhora Aparecida. Segundo ele, a orientação do presidente norte-americano Donald Trump é buscar “diálogo e entendimento” com o governo brasileiro.
“A orientação do presidente Trump foi muito clara: nós queremos fazer um diálogo e ter entendimento. E o Brasil sempre defendeu isso. Podemos fazer um avanço importante. E já avançamos bastante”, afirmou Alckmin.
Apesar de Rubio já ter cancelado reuniões com autoridades brasileiras para se encontrar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — que apoia a manutenção das tarifas e outras sanções contra o Brasil —, o presidente em exercício afirmou que não vê risco para o andamento das conversas.
Pedido de Lula a Trump
Alckmin também confirmou que, durante a ligação telefônica realizada na última segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu a Trump que suspendesse a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros enquanto as negociações seguem em andamento.
“O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi que, enquanto a gente negocia, suspenda os 40% [de sobretaxa]. Esse foi o pleito. E aí a gente passa a um ganha-ganha”, explicou Alckmin.
A reunião entre Lula e Trump foi realizada em 6 de outubro, e marcou o início formal do processo de revisão das tarifas, que atingem setores estratégicos como siderurgia, móveis e produtos agrícolas.
Avanços e próximas etapas
Segundo Alckmin, já houve progressos concretos: produtos como celulose foram retirados da lista de sobretaxas, e a madeira serrada e macia voltou à alíquota de 10%. No caso de móveis, a tarifa caiu de 50% para 25%. “O que nós precisamos é avançar mais depressa”, reforçou o presidente em exercício.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tem reunião marcada com Marco Rubio na próxima sexta-feira (17), em Washington, para discutir o chamado “tarifaço” e medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, como a Lei Magnitsky e a revogação de vistos.
Parceria estratégica
Alckmin destacou ainda o potencial da relação bilateral entre os dois países. “Nós temos 4 mil empresas americanas no Brasil, gerando emprego e renda. O Brasil é uma das dez maiores economias do mundo, o sétimo país mais populoso e o quinto em extensão territorial. Então, há muita oportunidade de parceria”, disse.
Segundo o governo brasileiro, 42% das exportações nacionais aos Estados Unidos estão livres do tarifaço, enquanto cerca de 34% dos produtos seguem diretamente impactados pelas tarifas de até 50%.
Os dois presidentes também planejam um novo encontro presencial, possivelmente durante a Cúpula da Asean, na Malásia, ou em uma futura visita de Lula aos Estados Unidos.