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terça-feira, 7 de outubro, 2025
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Câmera de videomonitoramento revela últimos passos de idoso antes de ser morto

As imagens de uma câmera de videomonitoramento, instalada no muro da residência no intuito de prevenir crimes, revelam os últimos passos da vida do idoso Ramão Lopes, de 75 anos. O humilde catador de recicláveis foi atraído para uma emboscada da mesma maneira que um peixe é fisgado pelo alimento de um anzol.

Capturado em uma rua do bairro Caiobá, onde cumpria o cotidiano no fim da tarde de segunda-feira (06), o idoso recebeu de um jovem de 23 anos a promessa de uma porção de latinhas. Para quem tem pouco e sobrevive do peso do alumínio, uma oferta dessa é o mesmo que acertar em uma rifa.

Sem desconfiar – afinal, quem poderia imaginar um tipo de mal em um cenário tão inlucrativo como este? -, o idoso estacionou a bicicleta elétrica no muro e aguardou pelo saco de latas que o rapaz sustentou estar nos fundos. Na ansiedade de quem espera por um presente em dia festivo, Ramão ficou caminhando pelos cantos.

Alguns poucos minutos, seguiu até o encontro do jovem, nos fundos. Na sua cabeça, era algo tão simples: pegar as latas e ir embora para casa encerrar o primeiro dia da nova semana que estava começando. O idoso, porém, deparou-se com o terror que nunca imaginou. Foi agredido com um chute e derrubado.

Indefeso no solo, tentando compreender o que estava acontecendo e por que a violência sem razão, foi golpeado por um mata-leão. Ele conseguiu escapar e investiu numa luta corporal, ainda que a força não fosse a mesma de sua juventude, mas acreditou que pudesse vencer. Entretanto, o pensar não acompanhou a realidade.

Logo depois, Ramão foi atingido por golpes de faca, três vezes, no tórax, foi ao chão de novo, agora sangrando. Gritou por socorro, mas ninguém escutou. Sem ter como fugir, sem forças, ainda foi atingido por uma barra de ferro, ao menos 10 vezes, por todo o corpo, perdendo a consciência e falecendo de uma forma que nunca sonhou.

A mesma câmera chegou a capturar os gritos de dor, últimos suspiros de quem passou 75 anos na labuta da sobrevivência neste país miserável. Já quando a alma não vestia o corpo carnal, deve ter testemunhado quando o jovem o sepultou em uma cova rasa, improvisada no quintal e coberta com panos para disfarçar.

A descoberta

Foi o comportamento do autor que entregou o crime bárbaro e cruel. Quando o irmão chegou, logo notou algo de errado no semblante do rapaz, que então tinha oferecido uma bicicleta elétrica por um preço desconfiável. A mãe, também intrigada, viu o amontado de terra no quintal, indicando algo enterrado ali.

Ao fazer a remoção, sentiram o choque. O cadáver do idoso impactou a família, que de pronto acionou as autoridades e não pensou duas vezes em entregar o jovem para pagar pelo crime. No primeiro momento, confessou a justificativa do absurdo: “sentiu vontade de matar”. Deixou cego todos os pedidos de perdão.

Um telefone celular ensanguentado foi encontrado pela polícia próximo ao local. Nos trabalhos de perícia, o filho da vítima ligou, já era tarde e preocupado com o pai que tinha saído para catar latas e não retornou. Ele foi orientado a ir até o imóvel e, com uma fotografia, fez o reconhecimento do corpo, para o seu desespero.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) atendeu a ocorrência e prendeu o rapaz, sendo encaminhado à Delegacia de Polícia Civil, onde o caso é investigado como homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ele ainda vai passar pela audiência de custódia para saber se será solto ou transferido ao presídio.

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