Partido Novo pede abertura de processo por suposta violação de decoro e não descarta suspensão ou perda do mandato
A deputada federal sul-mato-grossense Camila Jara (PT) é alvo de uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e pode sofrer punições que vão de suspensão à perda do mandato. A ação foi protocolada pelo Partido Novo após uma confusão registrada no plenário da Casa durante sessão realizada na última quarta-feira (9).
Segundo a representação, Camila Jara teria violado o decoro parlamentar ao se envolver em um episódio de confronto físico e verbal com o secretário-geral da Mesa da Câmara, Lucas Ribeiro Almeida Júnior. O partido afirma que a deputada o teria empurrado, apontado o dedo em seu rosto e proferido ofensas durante o tumulto.
O episódio ocorreu em meio a uma confusão generalizada no plenário, quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) se recusou a deixar a cadeira destinada ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e acabou sendo retirado à força após assumir, de forma irregular, a condução dos trabalhos e não repassar a presidência ao deputado Carlos Veras (PT).
Durante o tumulto, Camila Jara foi vista discutindo de forma acalorada com o secretário-geral da Mesa. As imagens do momento foram gravadas pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que divulgou o vídeo nas redes sociais e classificou a parlamentar como “descontrolada”.
Na representação, o Partido Novo sustenta que a conduta atribuída à deputada fere dispositivos do Código de Ética da Câmara, que exigem o exercício do mandato com dignidade e o tratamento respeitoso a servidores da Casa. O documento também cita precedentes em que agressões físicas ou morais nas dependências do Congresso foram consideradas atentado ao decoro parlamentar.
Além disso, o partido menciona um episódio anterior, ocorrido em agosto de 2025, no qual Camila Jara teria se envolvido em uma suposta agressão contra o deputado Nikolas Ferreira. Para o Novo, o histórico caracterizaria reincidência de conduta inadequada.
Diante disso, o partido pede a abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética e a aplicação de penalidade que pode variar entre a suspensão do mandato por seis meses ou a perda definitiva do cargo, após a instrução do processo e a oitiva das partes envolvidas.
Resposta da deputada
Em nota, Camila Jara afirmou que o episódio ocorreu em um contexto de “tumulto generalizado, com cenas até de violência física”. Segundo a deputada, sua atuação foi motivada pela tentativa de proteger jornalistas, parlamentares e outras pessoas que, de acordo com ela, teriam sido agredidas por policiais legislativos.
“Recebo com indignação a representação do partido Novo no Conselho de Ética. Agi em defesa das jornalistas, deputadas e deputados que vi serem agredidos por policiais legislativos. Sempre pautei minha atuação pelo respeito institucional, pela defesa da democracia e pela valorização dos servidores do Parlamento”, declarou.
A parlamentar também afirmou que qualquer narrativa que aponte conduta violenta desconsidera o contexto dos fatos. “Qualquer narrativa que me imputasse condutas violentas ignoraria o contexto dos fatos e, antes disso, os próprios fatos. E seria estória, e não história”, concluiu.
Caberá agora ao Conselho de Ética analisar a representação e decidir sobre a abertura do processo disciplinar. A decisão final, em caso de punição máxima, depende de votação no plenário da Câmara dos Deputados.




















