O Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, foi palco na manhã deste sábado (31) da 2ª edição da Caminhada “Todos por Elas”, um movimento que reuniu dezenas de pessoas em defesa do combate à violência contra a mulher. Com cartazes, camisetas e palavras de ordem, participantes deram um recado claro: é preciso dizer basta à violência de gênero.
A concentração ocorreu na Concha Acústica do parque, onde autoridades políticas, representantes do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), da Assembleia Legislativa (Alems) e do governo do Estado destacaram a importância da conscientização como ferramenta fundamental na luta contra o feminicídio.
A idealizadora do projeto, desembargadora Jaceguara Dantas, que o projeto se estrutura na conscientização e educação para frear a violência. “Claro que a violência não vai ser combatida apenas sobre o viés repressivo. Nós precisamos, sim, do viés preventivo, e a conscientização é uma das virtudes que trabalha com a prevenção”, enfatizou a desembargadora.
Representando o Governo do Estado, a secretária de Cidadania, Viviane Luiza, levou seu filho ao palco para reforçar uma mensagem poderosa: o combate à violência começa na criação dos meninos. “Precisamos ensinar aos nossos filhos que amor não é controle — amor é escolha. A força deve ser usada para proteger, não para ferir. E o respeito precisa ser um valor inegociável na vida de todos nós”, destacou Viviane.
Na mesma linha, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), lembrou que o trabalho de prevenção precisa ultrapassar os eventos e alcançar, de fato, as comunidades. Ela destacou o projeto “Meninos Fortes e Meninas Fortes”, desenvolvido na Rede Municipal de Ensino, como uma estratégia concreta para semear a cultura da paz. “Estamos aqui num grupo menor, mas é lá nos bairros, nas periferias, onde as mulheres estão sofrendo, que precisamos estar presentes. Essa campanha vem ao encontro do que já fazemos nas escolas, trabalhando diretamente com pais, mães e alunos”, afirmou a prefeita.
A educação também foi apontada como ferramenta fundamental pelo secretário estadual de Educação, Hélio Daher, que reforçou o papel transformador das escolas na desconstrução do machismo. “Tenho sob minha responsabilidade 120 mil mulheres que estão dentro das nossas escolas. Cabe a nós, homens e educadores, ensinar desde cedo que mulher se respeita. Essa é uma missão coletiva, que começa na infância e se estende por toda a vida”, pontuou.

Mais que uma simples caminhada, o evento se consolidou como um ato de resistência e mobilização social para o enfrentamento aos números alarmantes – 14 feminicídios registrados apenas neste ano em Mato Grosso do Sul.
O objetivo, segundo os organizadores, é não apenas sensibilizar, mas também pressionar por políticas públicas efetivas, fortalecimento da rede de apoio e proteção às mulheres vítimas de violência, além de criar um ambiente para uma mudança real, que só será possível se pais, educadores, gestores e toda a sociedade assumirem sua parcela de responsabilidade na construção de relações mais saudáveis, igualitárias e livres de violência.

Ação segue no bairro Moreninhas
Durante a programação, também foi anunciada a continuidade do projeto. No dia 12 de julho, o “Todos por Elas” chega ao bairro Moreninhas, levando uma série de atendimentos, orientações e serviços gratuitos à comunidade. A ação envolverá diversos órgãos públicos e parceiros, ampliando o alcance da rede de apoio e reforçando o compromisso com a erradicação da violência contra a mulher.
O evento reafirma que a luta é coletiva e contínua, e que apenas com união, educação e prevenção será possível construir uma sociedade mais justa e segura para todas as mulheres.