Nesta quinta-feira, 26 de agosto é comemorado os 122 anos de Campo Grande, a capital mais interiorana que já se ouviu falar, entretanto a Morena da atualidade carrega consigo um mix de modernidade e tradição, que nunca nesses 122 foi anos foi deixado para trás, trazendo consigo a maior herança dessa terra, sua essência caipira.
Campo Grande ao contrário de muitas outras cidades que nasce de uma consequência, como um porto ou uma estrada férrea, teve sua origem em pleno sertão, por iniciativa de um homem munido de coragem e visão, que enxergou nessas terras pantaneiras enorme potencial. Natural de Minas Gerais, da cidade de Monte Alegre, seu nome era José Antônio Pereira.
Uma comitiva foi formada, partindo rumo a essas terras até então desconhecidas. Deu fim à sua empreitada na confluência de dois córregos que futuramente viriam a se chamar Prosa e Segredo. Admirado com o que seus olhos podiam alcançar, fundou ali seu rancho.
A terra foi preparada e uma plantação então foi iniciada, meses já haviam se passado e a plantação já podia ser avistada, viçosa e promissora, José Antônio não havia se enganado sobre o potencial da terra fértil e forte. Com os resultados positivos sua caravana retornou a sua cidade natal em busca de suas famílias.
Porém um empecilho existia, a pequena propriedade não poderia ser deixada abandonada. Passando por Camapuã, José Antônio avistou um pequeno vilarejo onde conheceu um homem de nome João Nepomuceno, com quem José entra em acordo para vir cuidá-la, até o seu regresso de Minas.

Anos se passam até o retorno de José Antônio Pereira, fazendo com que Nepomuceno passasse as terras para outro homem também mineiro, porém, sob a promessa de que se o proprietário voltasse, lhe devolvesse o rancho pelo mesmo valor que havia comprado, 30 mil contos de réis.
Não demorou muito para que o verdadeiro dono da terra retornasse, trazendo consigo uma enorme comitiva com mais de 10 carros mineiros, carregados de mudas frutíferas, sementes, gado, além de todo sua família e parentes, composta por 62 pessoas.

Nepomuceno, vendo que se tratava do dono do rancho, lhe relatou o acordo, que foi aceito por José, que ainda o convidou para que ficasse e trabalhassem juntos.
A partir dali as terras foram demarcadas em cerca de oito ranchos, que ficavam situados onde hoje é a Rua 26 de Agosto, data que viria a se tornar o dia da fundação da nossa Campo Grande. Durante o traçado do povoado José, nosso fundador, denominou ali o Arraial de Santo Antônio do Campo Grande, esse foi um modo que ele encontrou em homenagear e agradecer ao santo de sua devoção.
A história conta que durante o processo de mudança, foi obrigado a interromper a viagem por meses em virtude da malária, que contraiu ao passar por um povoado tomado pela doença. Diante do agravamento de sua condição e dos demais daquela região, fez uma promessa a Santo Antônio de Pádua, cuja imagem já o acompanhava, de construir uma Igreja quando aqui chegasse, caso não perdesse um só dos seus. Esta foi a origem do abençoado nome da nossa querida cidade.
Nos anos seguintes, José se empenhou em construir o prometido. A igreja de pau-a-pique foi edificada entre os anos de 1876 e 1877. Local onde vários casamentos foram realizado. Atualmente, no local, encontra-se a Igreja Matriz de Santo Antônio, na quadra limitada pelas Ruas XV de Novembro, 7 de Setembro, “do Padre” e Avenida Calógeras.

Nos próximos anos várias ouras caravanas chegaram até o arraial, sob orientação passada pelo pelo pioneiro José Antônio Pereira. Entre os primeiros moradores destacaram-se os Vieira de Rezende, no Anhanduizinho; os Caçadores, nas encostas da Serra de Maracaju; os Taveira, nas margens do ribeirão das Botas e assim por diante.
A terra promissora, rica de belezas incríveis recursos naturais abundantes, contagiava a todos, atraindo mais e mais pessoas diariamente, contribuindo para o aumento das atividades econômicas da época, sendo estas, lavouras e criação de animais, que aos poucos foram dando espaço a pequenos comércios. Entre estes, Antônio Augusto de Carvalho, Bernardo Franco Baís, Joaquim Vieira de Almeida e muitos outros, contribuíram na formação de nossa gente. Em princípios de 1889, atendendo ao apelo dos habitantes, chegou o inesquecível mestre José Rodrigues Benfica que abriu, em nossa terra, a primeira escola.
E este foi o princípio de uma história carregada de importantes conquistas para o Centro-Oeste e para a formação posterior do Mato Grosso do Sul. A Capital Morena continua a deixar sua marca na história, se mostrando assim como José Antônio Pereira observou a 122 anos atrás um ‘Campo Grande’, recheado de possibilidades.
A nossa cidade morena, a Equipe do Jornal Enfoque MS, deseja mais incontáveis anos de crescimento e evolução. Parabéns Campo Grande pelo seus 122 anos do mais puro amor, traduzidos em belezas naturais incomparáveis, animais silvestres que se misturam as largas avenidas, prédios e seu povo, a essência dessa terra em constante ascensão.
Obs: Texto baseado no relato de Epaminondas Alves Pereira (1904-1988), bisneto de José Antônio Pereira.