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terça-feira, 16 de setembro, 2025
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Campo Grande celebra monumentos que viraram cartões-postais

Campo Grande chega aos 126 anos nesta terça-feira (26) reafirmando sua identidade de cidade acolhedora, plural e uma das capitais mais arborizadas do mundo. Mais do que ruas, praças e avenidas, a Capital Morena é também palco para a arte, refletida em monumentos e murais que se tornaram parte da memória coletiva. Entre os responsáveis por essa transformação está Cleir, um dos maiores nomes das artes plásticas de Mato Grosso do Sul.

Autodidata, com mais de 35 anos de trajetória, o campo-grandense Cleir carrega em sua obra o desejo de valorizar o Cerrado, a fauna regional e os símbolos que traduzem a vida local. Seu trabalho, presente em diferentes pontos da cidade, tornou-se um patrimônio visual e afetivo. “Minha arte é uma declaração de amor a Campo Grande. Quero que as pessoas, ao olharem essas obras, sintam o mesmo carinho e respeito que tenho pela cidade e pelo Cerrado”, afirma o artista.

Monumentos que marcaram gerações

O amor de Cleir pela Capital se materializa em obras que já viraram cartões-postais. Um dos exemplos é o Monumento das Araras, inaugurado em 1996, na Praça da União, no bairro Amambaí. Com 10 metros de altura, a escultura reúne três araras – uma vermelha e duas azuis – e deu novo nome ao espaço, hoje conhecido como Praça das Araras. “Sempre defendi a arara-azul como símbolo do nosso Estado e, agora em julho, isso se efetivou. Há quase 30 anos fiz essa homenagem neste monumento”, relembra.

Outro marco é o Monumento do Sobá, instalado em 2009 na Feira Central. Com 4,5 metros, a obra celebra a gastronomia e a miscigenação cultural de Campo Grande. Já a Deusa da Justiça – Themis, de 2002, imponente no Fórum da Capital, soma-se ao acervo de esculturas de grande porte.

Murais e símbolos urbanos

A cidade também ganhou cores e vida com as empenas assinadas por Cleir. O Papagaio Verdadeiro e a Arara Vermelha, no edifício 26 de Agosto, se destacam a 40 metros de altura em pleno centro. Criados em 2000 e revitalizados em 2019, reforçam a presença do Cerrado no ambiente urbano. No Hotel Exceler, a Arara Azul – com 30 metros – é uma das mais antigas ainda preservadas, datada de 1995 e restaurada em 2017.

Outro animal que se tornou ícone de Campo Grande, a capivara, também ganhou espaço na arte do artista. Em 2017, durante os 118 anos da cidade, Cleir assinou uma das esculturas do projeto “Capivara Urbana”, idealizado pela Águas Guariroba, em homenagem ao animal presente no cotidiano da Capital.

Obras que voltaram à vida

Alguns trabalhos foram apagados, como os painéis da Onça-Pintada (1994–2015) e dos Tuiuiús (1995–2013), mas a essência do artista seguiu pulsando em outras criações. Mais recentemente, Cleir restaurou o Monumento Pantanal Sul, conhecido como os Tuiuiús do Aeroporto, devolvendo imponência à obra que recebe visitantes e moradores logo na chegada à cidade.

As esculturas Asa Branca, Zé Bicudo e Majestoso, criadas no ano 2000, foram batizadas oficialmente em 2018, em um concurso cultural. “Essa obra tem grande significado, pois é as boas-vindas a quem chega à cidade, ou o caloroso até breve a quem se despede”, destaca o artista.

Um artista de Campo Grande para o mundo

Além de Campo Grande, Cleir deixou sua marca em municípios como Dourados, Corumbá, Bonito, Três Lagoas, Ponta Porã, Aquidauana e também em Arapongas, no Paraná, onde está o maior acervo do artista fora do Estado, com 13 esculturas de aves nativas.

Mais do que embelezar a paisagem, suas obras despertam pertencimento e orgulho. Para muitos campo-grandenses, elas são um lembrete de que a cidade é feita não apenas de concreto, mas de afeto, memória e identidade.

Ao completar 126 anos, Campo Grande celebra também a trajetória de Cleir – o artista que, com tinta, pedra e bronze, ajudou a escrever a história da Capital Morena como uma verdadeira galeria viva a céu aberto.

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