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sexta-feira, 6 de junho, 2025
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Capital pode ter Programa para alertar sobre a automedicação e uso consciente de remédios

Campo Grande pode ganhar, em breve, um Programa Municipal para prevenir e combater a automedicação. A proposta que trata do assunto foi protocolada na Câmara Municipal nesta semana, instituindo a iniciativa com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos de tomar remédios por conta própria e também para defender o uso racional dos medicamentos.

Além disso, o programa irá orientar sobre o descarte correto de medicamentos vencidos ou em desuso; incentivar a consulta a profissionais de saúde antes do uso de
medicamentos; reduzir os casos de intoxicação medicamentosa no município; e fortalecer a atuação dos profissionais farmacêuticos na orientação à população.

Como parte da ação, serão realizadas campanhas educativas nas unidades de saúde, escolas e outros espaços públicos; distribuição de material informativo sobre o uso racional dos medicamentos; capacitação dos profissionais da saúde para alertarem sobre os riscos da automedicação e implantar pontos de coleta de medicamentos vencidos ou em desuso.

Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) mostram que 61% da população se automedica. Uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), com o Instituto Datafolha, revelou que 77% dos brasileiros que usaram medicamentos nos últimos seis meses praticam automedicação ao menos uma vez.

Para o vereador Marcos Trad (PDT), autor da proposta, essa é uma prática perigosa. “Pode causar intoxicações, reações adversas, resistência a medicamentos e sobrecarga ao sistema de saúde”, alertou. “A intenção é fortalecer o que já existe e atualizar a legislação para garantir maior efetividade às políticas de saúde pública”, completou.

Capital pode ter Programa para alertar sobre a automedicação e uso consciente de remédios
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Entenda mais sobre a automedicação

A automedicação, que é o uso de medicamentos sem orientação médica ou farmacêutica, pode acarretar diversos riscos à saúde. Abaixo estão os principais:

1. Reações adversas

  • Uso incorreto de medicamentos pode causar efeitos colaterais graves, como alergias, intoxicações, problemas gástricos, hepáticos ou renais.
  • Algumas substâncias podem provocar dependência ou síndrome de abstinência.

2. Interações medicamentosas

  • Combinar medicamentos por conta própria pode provocar interações perigosas, potencializando ou anulando efeitos, podendo levar a complicações graves, como arritmias cardíacas, hemorragias ou convulsões.

3. Mascaramento de doenças

  • O alívio temporário de sintomas pode ocultar o diagnóstico de doenças sérias, como infecções, câncer ou problemas metabólicos, atrasando o tratamento adequado.

4. Resistência a antimicrobianos

  • O uso inadequado de antibióticos, como o consumo sem prescrição ou a interrupção precoce do tratamento, favorece o desenvolvimento de bactérias resistentes, dificultando o tratamento de infecções futuras.

5. Erros de dosagem

  • A falta de orientação pode levar ao consumo de doses inadequadas, provocando intoxicações, overdose ou, ao contrário, não gerar o efeito terapêutico desejado.

6. Agravamento do quadro clínico

  • O uso de medicamentos inadequados pode agravar a doença, causar complicações e até colocar a vida em risco.

7. Dependência e abuso

  • Medicamentos como analgésicos, ansiolíticos e laxantes podem causar dependência física ou psicológica quando usados indiscriminadamente.

Recomendações importantes:

  • Sempre consulte um médico ou farmacêutico antes de tomar qualquer medicamento.
  • Leia a bula com atenção.
  • Não compartilhe medicamentos com outras pessoas.
  • Evite se automedicar, mesmo com remédios aparentemente “inofensivos”, como analgésicos ou anti-inflamatórios.

Veja exemplos de medicamentos frequentemente utilizados de forma incorreta na automedicação

1. Analgésicos e Antipiréticos (paracetamol, dipirona, ibuprofeno)

Riscos:

  • Paracetamol: Em excesso, pode causar hepatite medicamentosa e falência hepática.
  • Ibuprofeno e outros anti-inflamatórios: Podem provocar gastrite, úlcera, sangramentos digestivos e insuficiência renal.
  • Dipirona: Embora rara, pode causar reação alérgica grave (anafilaxia) ou agranulocitose, que é a diminuição grave dos glóbulos brancos.

2. Antibióticos (amoxicilina, azitromicina, ciprofloxacino)

Riscos:

  • Uso inadequado favorece a resistência bacteriana, tornando infecções mais difíceis de tratar.
  • Pode provocar diarreia, candidíase, reações alérgicas e toxicidade renal ou hepática.
  • Más escolhas podem agravar a infecção ou mascarar sintomas.

3. Anti-inflamatórios não esteroides – AINEs (diclofenaco, cetoprofeno, nimesulida)

Riscos:

  • Causam lesões no estômago (gastrites, úlceras).
  • Podem agravar doenças cardíacas, causar hipertensão e insuficiência renal.
  • Uso prolongado aumenta risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

4. Benzodiazepínicos (diazepam, clonazepam)

Riscos:

  • Causam dependência química e tolerância — necessidade de doses cada vez maiores.
  • Podem levar à sedação excessiva, quedas, déficits de memória e depressão respiratória.
  • Risco de overdose quando associados a álcool ou outros sedativos.

5. Laxantes e Diuréticos

Riscos:

  • Uso indiscriminado causa desidratação, perda de eletrólitos (potássio, sódio), arritmias cardíacas e lesões renais.
  • Laxantes podem provocar dependência intestinal (o intestino “não funciona” sem eles).
  • Diuréticos usados para perda de peso podem levar à hipotensão e insuficiência renal.

6. Antialérgicos (loratadina, difenidramina)

Riscos:

  • Podem provocar sonolência excessiva, confusão mental e, em idosos, risco de quedas.
  • Podem mascarar sintomas importantes de alergias graves, como anafilaxia.

7. Vitaminas e Suplementos (vitamina D, ferro, cálcio)

Riscos:

  • Excesso de vitamina D pode causar hipercalcemia (nível alto de cálcio no sangue), levando a cálculos renais.
  • Suplementos de ferro em excesso provocam intoxicação, com risco de lesão hepática.
  • O excesso de suplementos pode ter efeito tóxico e até ser fatal em casos extremos.

8. Corticoides (prednisona, dexametasona)

Riscos:

  • Uso prolongado ou incorreto pode causar imunossupressão, osteoporose, diabetes, hipertensão e síndrome de Cushing.
  • Podem mascarar infecções graves e dificultar o diagnóstico.

9. Antiácidos e Inibidores de ácido (omeprazol, ranitidina)

Riscos:

  • Uso prolongado de omeprazol pode causar deficiência de vitamina B12, osteoporose, infecções intestinais e doenças renais.
  • Mascaram sintomas de doenças gástricas mais sérias, como câncer de estômago.

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