A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália desde a última terça-feira (29), permanecerá detida no presídio feminino Germana Stefanini, na região de Rebibbia, em Roma, pelo menos até o dia 13 de agosto, quando está marcada uma nova audiência de custódia. A decisão de manter a prisão da parlamentar foi tomada pela Justiça italiana na última sexta-feira (1º), após uma audiência que durou mais de três horas e meia.
Segundo o advogado da deputada, Fabio Pagnozzi, a Justiça italiana ainda aguarda manifestação do ministro da Justiça do país, Carlo Nordio, para definir os próximos passos do processo, incluindo a possibilidade de extradição ao Brasil. “Eles alegaram a manutenção da prisão baseado em nada. A audiência foi muito extensa e o juiz pediu para ouvir o ministro antes de decidir”, afirmou Pagnozzi ao portal R7.
Processo de extradição e expectativa da defesa
Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão e à perda do mandato parlamentar por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli também foi sentenciada ao pagamento de R$ 2 milhões. Apesar disso, a defesa da deputada acredita que há chance de o ministro italiano negar o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro.
Ainda segundo Pagnozzi, até a audiência de 13 de agosto não há previsão de nova manifestação judicial por parte da defesa. A expectativa é de que, na ocasião, o tribunal italiano opte pela liberdade de Zambelli ou, pelo menos, pela aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão.
Repercussão política e apoio da oposição
Na quinta-feira (31), um dia antes da decisão da Justiça italiana, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) acompanhe o processo de extradição e adote as medidas cabíveis para o cumprimento da decisão judicial brasileira.
Ainda assim, a prisão de Zambelli gerou articulações políticas. No mesmo dia, a deputada recebeu a visita do vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, um dos principais líderes da extrema-direita na Itália. O encontro foi viabilizado por parlamentares brasileiros da oposição, que tentam mobilizar apoio internacional contra a extradição.
Viagem e declarações
Zambelli está licenciada do cargo desde o dia 5 de julho por um período de 127 dias. Ela viajou à Itália no início de junho e, segundo seus advogados, teria se apresentado voluntariamente às autoridades locais. Em vídeo divulgado após a prisão, a parlamentar afirmou que não pretende retornar ao Brasil, mas declarou estar disposta a cumprir pena em território italiano.
Enquanto aguarda a decisão final das autoridades italianas, a deputada segue detida em uma unidade prisional conhecida por abrigar presas em regime fechado e semiaberto, que também oferece cursos universitários e sofre com superlotação — realidade do sistema penal europeu que agora é vivida pela ex-parlamentar brasileira.