Carnês do IPTU 2026 geram dúvidas e reclamações em Campo Grande

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Contribuintes questionam IPTU 2026 (Foto: Reprodução/Capital News)

Município afirma que não houve aumento real, apenas atualização monetária pelo IPCA-E

Contribuintes de Campo Grande começaram a questionar os valores do IPTU 2026 após receberem os carnês com cobranças acima do que esperavam. Segundo a Prefeitura, não houve aumento real do imposto, apenas a atualização monetária prevista em lei, com base na inflação acumulada medida pelo IPCA-E, de 5,32%.

De acordo com o diretor-executivo da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz), Ricardo Viera, a base de cálculo dos imóveis não foi alterada e a Planta Genérica de Valores permaneceu sem reajustes acima da inflação. “O que houve foi apenas a atualização monetária, para manter o valor do imposto compatível com os custos atuais da cidade. Não existe aumento além disso”, afirma.

A Sefaz explica que, em alguns casos, o valor final do IPTU pode variar em relação ao ano anterior por motivos cadastrais. Em imóveis construídos, por exemplo, ampliações na área edificada geram atualização no cadastro e impactam o valor do imposto. “Se a casa tinha 100 metros quadrados e passou a ter 150, o imóvel ficou maior e mais valorizado. Isso não tem relação com aumento da planta de valores”, diz Viera.

No caso de terrenos, o valor pode mudar conforme melhorias existentes no entorno, como rede de água, energia elétrica, esgoto, pavimentação, escolas ou unidades de saúde. Nesses casos, a alíquota aplicada pode variar entre 1% e 3,5%, de acordo com a quantidade de melhorias identificadas.

Alguns contribuintes questionam por que obras e melhorias feitas há anos só passaram a impactar o IPTU agora. A Prefeitura esclarece que essas informações podem ser identificadas posteriormente, por meio de vistorias ou atualizações nos sistemas. Mesmo assim, não há cobrança retroativa. “A atualização passa a valer apenas daqui para frente, para não onerar o contribuinte”, destaca o diretor da Sefaz.

Apesar das explicações, moradores relatam aumentos bem acima da correção inflacionária. É o caso da aposentada Iloiva Hadlich, de 72 anos, moradora de um apartamento de 90 metros quadrados em frente ao Parque do Sóter. Segundo ela, o IPTU subiu de R$ 4,2 mil para R$ 5.229, um aumento de cerca de 24%. “Se fosse só 5%, daria no máximo uns R$ 300 a mais. Mas aumentou quase mil reais”, reclama.

Outra situação é a da diarista Eveling Jhenifer Silva de Oliveira, de 26 anos, proprietária do primeiro imóvel. A parcela mensal passou de R$ 62,12 para R$ 102,52. Ela afirma que não realizou nenhuma benfeitoria e teve dificuldades para obter explicações. “Fui várias vezes à Central do Cidadão. Só quero entender por que aumentou desse jeito”, diz.

Questionada sobre as reclamações, a prefeita Adriane Lopes (PP) afirmou que não há aumento real do IPTU e que cada caso precisa ser analisado individualmente. “Pode ter ocorrido erro de sistema ou alguma atualização cadastral. Se houver equívoco, será revisado”, declarou.

A taxa de coleta de lixo também foi reajustada apenas pela inflação. Em alguns bairros, houve reenquadramento do perfil socioeconômico, com base em estudos técnicos feitos com apoio da Fundação Getulio Vargas (FGV) e dados do IBGE. Segundo a Prefeitura, esse enquadramento pode resultar tanto em aumento quanto em redução da taxa.

Os contribuintes podem conferir os detalhes do cálculo no próprio carnê, comparando informações como valor venal do imóvel, área construída, alíquota aplicada e possíveis atualizações cadastrais com os dados do ano anterior. Em caso de dúvidas, a orientação é procurar os canais oficiais da Sefaz ou a Central de Atendimento ao Cidadão.

Para 2026, o desconto para pagamento à vista será de 10%. Apesar de menor que em anos anteriores, o percentual, segundo a Prefeitura, ainda está acima da média praticada em grandes cidades brasileiras. A estimativa do município é arrecadar cerca de R$ 950 milhões com o IPTU no próximo ano, valor que ultrapassa R$ 1 bilhão ao somar a taxa de lixo.