Com o avanço da tecnologia automotiva e a crescente presença de dispositivos eletrônicos embarcados, o sistema elétrico dos veículos tem enfrentado uma sobrecarga cada vez maior — o que impacta diretamente a vida útil da bateria. De faróis a sistemas de assistência à condução, passando por acessórios instalados posteriormente, tudo isso consome energia, mesmo com o carro desligado.
Segundo o engenheiro de Aplicações da Clarios (marca responsável pelas baterias Heliar), Ailto Sola, um acréscimo de apenas 100 watts no consumo elétrico pode elevar o gasto de combustível em 0,1 litro a cada 100 km. Por isso, é fundamental conhecer os principais consumidores de energia dentro do veículo e redobrar a atenção com a manutenção elétrica.
Itens de conforto e segurança são grandes consumidores
Sistemas como ar-condicionado, aquecedores de banco, teto solar, ventilação interna, limpadores de para-brisa e vidros aquecidos estão entre os vilões mais comuns. O ar-condicionado, por exemplo, mesmo sendo acionado pelo motor, pode impor uma carga de até 500 watts à parte elétrica. Já o ventilador do radiador, em dias de calor ou no trânsito pesado, pode chegar a consumir 800 watts.
Mesmo os faróis, quando de LED, têm um consumo relativamente baixo — cerca de 50 watts —, mas a soma de todos os dispositivos pode comprometer a bateria com o tempo.
O risco dos acessórios instalados depois
Sola alerta para os chamados “consumidores ocultos”, que muitas vezes são acessórios instalados após a compra do carro: iluminação interna adicional, projetores de logotipo, soleiras iluminadas e sistemas multimídia não originais podem continuar consumindo energia mesmo com o veículo desligado.
O engenheiro também explica que, com o uso de alternadores inteligentes e o sistema start-stop, há momentos em que o alternador deixa de carregar a bateria, e toda a demanda recai sobre ela. Isso reforça a necessidade de manutenção regular e uso de baterias adequadas, como as tecnologias EFB ou AGM.
Confira cinco dispositivos que encurtam a vida útil da bateria:
1. Kit de iluminação auxiliar
Faróis auxiliares ou de longo alcance, quando instalados de forma incorreta, podem causar sobrecarga elétrica silenciosa. O ideal é seguir as especificações de fábrica na hora da instalação.
2. Iluminação interna personalizada
Muito comum em veículos de luxo e no mercado de acessórios, a iluminação interna contínua pode manter o consumo de energia mesmo com o carro desligado, drenando a bateria sem o motorista perceber.
3. Multimídias não originais
Instalações feitas sem os devidos cuidados com o chicote elétrico podem manter os aparelhos ligados em segundo plano. O consumo constante, mesmo com a tela desligada, reduz gradualmente a carga da bateria.
4. Alarmes e rastreadores
Embora sejam itens de segurança, alarmes mal instalados e rastreadores com consumo elevado podem se tornar grandes vilões da bateria. É essencial monitorar o consumo e a instalação desses dispositivos.
5. Sistema de partida a frio
Usado principalmente em regiões mais frias, esse sistema exige mais da bateria nos momentos iniciais da ignição, especialmente em veículos mais antigos com motor flex, que não contam com aquecimento prévio das velas de ignição.
Manutenção é o caminho
A recomendação da Clarios é aproveitar momentos de manutenção rotineira — como troca de pneus — para revisar o sistema elétrico e checar a saúde da bateria. A medida pode evitar falhas inesperadas e garantir maior durabilidade ao veículo.
Conclusão: em tempos de conectividade e sofisticação automotiva, cuidar da bateria é mais do que uma necessidade: é uma questão de segurança, economia e desempenho.
