Escolha do senador consolida estratégia do bolsonarismo para enfrentar Lula em 2026
Escrita em um leito hospitalar, às vésperas de uma cirurgia e sob custódia da Polícia Federal, a primeira carta de Jair Bolsonaro (PL) desde a prisão teve efeito imediato no cenário político: o ex-presidente oficializou a indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como seu candidato à Presidência da República em 2026.
O texto, com mais de 20 linhas, foi redigido poucas horas antes do procedimento cirúrgico para correção de uma hérnia e divulgado nesta quinta-feira (25). Nele, Bolsonaro rompe o silêncio mantido desde que passou a cumprir prisão na Superintendência da PF, em Brasília, e consolida a escolha do filho mais velho como herdeiro político.
A possibilidade de Flávio disputar o Planalto já vinha sendo ventilada nos bastidores do bolsonarismo, mas até então a sinalização havia ocorrido de forma reservada. Segundo aliados, Bolsonaro comunicou a decisão diretamente ao senador enquanto ainda estava preso, sem avisar previamente dirigentes do PL ou lideranças da base aliada.
Na carta, o ex-presidente afirma que a decisão tem caráter pessoal e político. “Entrego o que há de mais importante na vida de um pai: o próprio filho, para resgatar o nosso Brasil”, escreveu. Bolsonaro disse ainda que a escolha é “consciente, legítima” e amparada no desejo de manter a representação de seus eleitores, já que ele próprio está inelegível.
Em declarações anteriores, Flávio Bolsonaro chegou a afirmar que uma eventual candidatura teria como condição a anistia ao pai e o retorno do ex-presidente à disputa eleitoral. A proposta, no entanto, não encontrou apoio entre partidos do Centrão, que demonstraram resistência à pauta.
Agora, com a carta, aliados ouvidos pelo R7 Planalto avaliam que Bolsonaro “oficializa de vez” Flávio como principal nome do grupo para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026.
A manifestação pública ocorre em um momento delicado para o ex-presidente, que além da prisão, enfrenta questões de saúde e restrições judiciais. Ainda assim, a carta é vista por interlocutores como uma tentativa de manter influência direta sobre o campo político conservador e de organizar, desde já, o xadrez eleitoral do próximo pleito.
