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sexta-feira, 12 de setembro, 2025
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Casal que se conheceu no Tinder faz sucesso na produção de mandioca com apoio do Senar/MS

Um deslize no aplicativo, um match improvável. Foi assim, no Tinder, que Elida e Davi começaram a história que hoje se firma no município de Japorã. O que nasceu de um encontro virtual virou uma vida compartilhada de pés no chão, mãos na terra e sonhos erguidos.

Com o apoio do Senar/MS, o casal transformou uma pequena horta na agroindústria que abastece mesas da região com 550 quilos semanais de mandioca. Uma raiz que não apenas alimenta, mas simboliza a persistência de dois corações que decidiram crescer juntos e que encontraram, na Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), a amizade e a bússola para não desistirem no caminho.

“Nossa vida mudou da água para o vinho. A produção melhorou, ganhamos conhecimento e tivemos melhoria financeira. Antes eu sofria pegando equipamentos emprestados e hoje tenho tudo meu. Além disso, ganhamos amigos, consideramos os técnicos parte da nossa família”, resume Davi.

Essa é a história do Transformando Vidas de hoje, confira:

A mandioca foi mais que uma aposta. Foi uma semente de ousadia. Em uma região acostumada à raiz brava, Davi e Elida decidiram plantar a mansa e abriram espaço para uma nova história. Quando as portas do mercado se mostraram fechadas, eles construíram a agroindústria “Mandiocas Mineira”, homenagem às origens da família de Davi, e formalizaram o produto. Hoje a produção é estável, procurada e reconhecida pela qualidade. O que antes era apenas mais uma lavoura se transformou em sustento, identidade e orgulho.

“Foram os nãos recebidos que nos impulsionaram para chegarmos no ponto que estamos hoje. E só não aumentamos as vendas porque não damos conta da mão-de-obra, trabalhamos só nós dois. Somos felizes assim”, explica Elida.

Casal que se conheceu no Tinder faz sucesso na produção de mandioca com apoio do Senar/MS
Mandioca começou como produção secundária e hoje é carro-chefe no sítio do casal (Foto: Michael Franco)

O começo improvável

Foi no celular que tudo mudou. Num instante de distração no Tinder, Elida e Davi se cruzaram. O match virou conversa, a conversa virou encontro e, pouco a pouco, um amor que parecia digital ganhou cheiro de terra, café coado e superação. O que nasceu no aplicativo se consolidou em Japorã. Os dois saíram do mundo virtual para plantar raízes reais, erguer uma vida juntos e transformar, com apoio do Senar/MS, um sonho rural em verdade.

No entanto, não foi fácil. Moravam de aluguel no sítio vizinho, carro fiado, lavoura improvisada e tinham a propriedade focada na pecuária leiteira. A transformação começou com uma tentativa frustrada: plantaram quiabo acreditando mais na intuição do que em técnica. Instalaram uma caixa d’água para a irrigação da lavoura e, onde retiraram terra, fizeram um tanque de peixes. As plantas adoeciam, as tilápias morriam. Ainda assim, o desejo de acertar não murchava.

“No primeiro ano a gente regava a lavoura com o regador de mão mesmo. Plantava como dava, vendia o que tinha. A gente ia apostando, nem sempre dava certo”, relembra Davi.

Foi aí que o Senar/MS entrou pela primeira vez na porteira, com a ATeG Piscicultura. O técnico Evandro trouxe a ciência que faltava ao tanque. Mostrou que peixe não come resto de rama de mandioca, que amônia em excesso mata silenciosamente e que ração balanceada é tão importante quanto água limpa. Fez análises, explicou parâmetros, ajudou Davi a entender o ritmo da criação. O tanque que era um cemitério silencioso virou um espelho vivo de tilápias saudáveis.

Depois veio Rafael, da ATeG Horticultura. Davi acreditava que água e ureia eram suficientes. O técnico mostrou que cada cultura tem um manejo específico. Juntos fizeram análise de solo, discutiram fertirrigação, planejaram adubações corretas. Foi Rafael quem ajudou a calibrar a irrigação, corrigir doses, controlar pragas. Aos poucos os pés de quiabo começaram a dar frutos, as hortaliças ganharam vigor e a roça deixou de ser uma aposta para virar renda confiável.

Como a propriedade tinha no leite seu carro-chefe, chegou Janaína, técnica da ATeG Bovinocultura de Leite. Ela trouxe um aprendizado decisivo: usar as sobras da lavoura para complementar a alimentação do gado. O que antes era desperdício passou a ser recurso. Além disso, ensinou manejo sanitário, orientação correta de medicamentos e prevenção de doenças. “Antes eu fazia tudo no achismo, agora é tudo calculado”, diz Davi. O resultado foi economia, mais leite e menos perdas de bezerros.

“Ficou um casamento perfeito, um ajudando o outro em prol da nossa produção. Foi uma transformação total para nós”, complementa.

Casal que se conheceu no Tinder faz sucesso na produção de mandioca com apoio do Senar/MS
Interação entre os atendimentos das diferentes cadeias impulsionam produção rural e amizade entre els (Foto: Michael Franco)

No meio do aprendizado, nasceu também uma rede de afeto. Elida chama os técnicos de família. Nos dias de atendimento já prepara o café e a conversa. Entre análises de solo e manejo do gado, descascam mandioca juntos e dividem risos. É uma relação que ultrapassa os números da produção e vira parceria de verdade. 

“A gente conta para els coisas que até não tem a ver com a roça. São como se fossem nossos parentes. São da família mesmo e a gente só tem a agradecer essa parceria”, destaca Elida.

Casal que se conheceu no Tinder faz sucesso na produção de mandioca com apoio do Senar/MS
Visitas técnicas muitas vezes se tornam também ajuda na lida diária de descarcar mandiocas; enquanto isso orientações são passadas (Foto: Michael Franco)

No fim, no meio de tantas raízes plantadas, o que mais cresceu foi o amor. O amor que começou com um clique tímido e hoje enche de vida cada canto da propriedade. De carro fiado a veículo de carga, de ferramentas emprestadas a trator próprio, de lavoura tímida a agroindústria formalizada. Davi e Elida vivem o resultado do trabalho, do aprendizado e da parceria. Um casal que prova, todos os dias, que o campo é fértil não só para plantar, mas para recomeçar, reinventar e florescer.

ATeG –   É uma ferramenta de melhoria da gestão do negócio, produtividade e sustentabilidade das propriedades rurais de Mato Grosso do Sul. 

Com a aplicação da metodologia proposta em conjunto com o produtor, o Senar/MS difunde conhecimento e tecnologias que permitem o crescimento de empresas rurais em várias cadeias produtivas do agronegócio. Para saber mais procure o Sindicato Rural do seu município.

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