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domingo, 2 de novembro, 2025
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Cemitérios de Campo Grande recebem cerca de 40 mil visitantes no Dia de Finados

Neste domingo (2), cerca de 40 mil pessoas passaram pelos cemitérios públicos de Campo Grande — São Sebastião (Cruzeiro), Santo Amaro e Santo Antônio — para prestar homenagens a familiares e amigos já falecidos. O Dia de Finados foi marcado por fé, reflexão e reencontros emocionados desde as primeiras horas da manhã, quando os portões foram abertos ao público.

Entre orações, gestos de carinho e lembranças, o clima nos cemitérios era de tranquilidade. Comerciantes, equipes de limpeza e funcionários se organizaram para garantir acolhimento e estrutura a quem escolheu passar o dia recordando aqueles que deixaram saudade.

No cemitério São Sebastião, a movimentação começou cedo. A comerciante Maria Roberta da Silva, que há mais de três décadas vende flores no local, acompanhava o vai e vem dos visitantes.

“Todo ano é assim, a gente se prepara com carinho. Faço mil vasos de flores e vendo todos. É um trabalho em família: compramos os materiais, montamos e acampamos aqui desde sexta. É cansativo, mas gratificante, porque é um momento em que todo mundo quer demonstrar amor”, contou.

Entre os visitantes, Francinete Cláudia de Oliveira levou flores ao túmulo do pai. A emoção tomou conta ao lembrar dos pais já falecidos.

“É um dia difícil, vem muita saudade. A gente vem todo ano, sempre traz flores, limpa, conversa um pouco. Agora quero ver se consigo colocar uma lápide nova, deixar mais bonito pra ele. É uma forma de cuidar, de estar perto de novo, mesmo que por um instante”, disse, com a voz embargada.

Além das homenagens, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), distribuiu 1.200 mudas de plantas entre os três cemitérios, como romã, pitanga, acerola e amora. O objetivo, segundo o engenheiro Alexsandro Ulisses, é oferecer conforto às famílias e simbolizar renovação.

“Aqui ficaram 400 mudas. Elas lembram que, mesmo na saudade, a vida continua”, explicou.

No cemitério Santo Amaro, a comerciante Jucimeire Silva Santos relembra os tempos de maior movimentação. Há cerca de 40 anos no mesmo ponto, ela percebeu mudanças nos costumes ao longo dos anos.

“Antigamente era tanta gente que não tinha lugar pra colocar banca. Hoje, vem menos pessoas, principalmente os mais jovens. Depois da pandemia, muita coisa mudou. Mas a gente continua firme, eu, meu filho, minha nora, meu marido e minha irmã. A gente dorme aqui, cuida, e vai levando. É cansativo, mas é o que a gente ama fazer”, afirmou.

Entre os visitantes, os irmãos Isabel e Francisco Pereira de Lima mantêm a tradição de limpar e enfeitar os túmulos dos pais, do irmão e do marido de Isabel.

“Todo ano a gente vem, é uma lembrança que nunca se apaga. É uma forma de honrar em vida e depois também”, resumiu Francisco.

No cemitério Santo Antônio, o silêncio respeitoso e o cuidado com as flores marcam o dia. O comerciante Cristóvão Ramon Gonçalves, há 33 anos no local, destacou o vínculo criado com as famílias ao longo do tempo.

“Muitos desistiram com o tempo, porque é cansativo e a gente fica aqui direto. Mas é um período em que cria laços, conhece famílias, escuta histórias. Todo ano é diferente, tem dia que vende mais, tem dia que é mais parado, mas o importante é estar aqui, fazer parte disso”, disse.

Entre lágrimas discretas e sorrisos de lembrança, o Dia de Finados em Campo Grande segue sendo mais do que um feriado: é um encontro entre gerações, um gesto de amor que resiste ao tempo e transforma a saudade em memória viva.

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