Evento se estende até 21 de novembro e coloca o Brasil no centro das discussões climáticas globais
Após uma série de eventos preparatórios, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, tem início oficial nesta segunda-feira (10) e segue até o dia 21 de novembro. A conferência coloca o Brasil no centro das discussões sobre transição energética e preservação ambiental, mas também expõe desafios estruturais e logísticos enfrentados pela cidade-sede.
Nos últimos dias, trabalhadores tentavam contornar atrasos nas obras, com marteladas e odores de madeira recém-cortada em áreas de passagem usadas por delegações e jornalistas. Banheiros sem água e pontos de alimentação fechados eram sinais de que a infraestrutura ainda precisava ser finalizada. Intervenções emergenciais em mobilidade, drenagem e revitalização urbana foram aceleradas para garantir o funcionamento dos espaços que receberão autoridades, delegações estrangeiras e visitantes.
Durante a Cúpula de Líderes, realizada entre quinta (6) e sexta-feira (7), que antecipou os debates da COP30, o secretário da COP30, Valter Correia, reconheceu intercorrências no cronograma, mas garantiu que tudo estaria pronto até a abertura oficial. O evento reuniu delegações de mais de 140 países, incluindo chefes de Estado e de governo.
Desafios climáticos persistem
Apesar de avanços em setores como energia solar, eólica e veículos elétricos, os desafios globais permanecem significativos. Um relatório recente da ONU alerta que as emissões globais de carbono continuam altas, colocando o mundo a caminho de um aquecimento de 2,3 a 2,5°C — bem acima da meta de 1,5°C estabelecida pelo Acordo de Paris, de 2015. Segundo o World Resources Institute, as metas atuais para 2035 ainda são insuficientes para evitar impactos severos do aquecimento global.
O uso de combustíveis fósseis segue como ponto crítico. A Agência Internacional de Energia projeta que a demanda por carvão permanecerá em níveis recordes até 2027, impulsionada por China, Índia e outros países em desenvolvimento.
Brasil e as metas climáticas
O país busca reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 59% e 67% até 2035, em relação aos índices de 2005, e zerar as emissões líquidas até 2050. A meta inclui zerar o desmatamento ilegal até 2030 e o desmatamento total até 2035, apoiada pelo Plano de Transformação Ecológica, que envolve ações conjuntas dos Três Poderes. Especialistas consideram as metas brasileiras realistas, mas pouco ambiciosas diante do potencial do país.
Discursos e controvérsias
Durante a Cúpula de Líderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o multilateralismo e a necessidade de participação de todos os países para enfrentar a crise climática. Ele também cobrou que multinacionais e indivíduos super-ricos contribuam financeiramente para a agenda climática.
Apesar disso, Lula enfrentou críticas por defender simultaneamente a exploração de petróleo na Margem Equatorial, o que alguns especialistas consideram contraditório em relação à agenda ambiental defendida pelo governo. O presidente reforçou, no entanto, que é possível conciliar exploração de recursos naturais e sustentabilidade, defendendo que países em desenvolvimento tenham liberdade para aproveitar seus recursos enquanto investem em energias limpas.
A COP30 inicia-se em um momento de atenção global, com pressões políticas, desafios estruturais e a urgência de ações concretas para conter os efeitos do aquecimento global.











