O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de forma unânime, manter a taxa Selic em 15% ao ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (17) e confirma a expectativa predominante entre analistas, que já projetavam a estabilidade no atual nível — o mais alto desde 2006.
A taxa básica de juros valerá, pelo menos, até a próxima reunião do Copom, marcada para daqui a 45 dias. Segundo o BC, a decisão busca conter a inflação, reduzir impactos de instabilidade econômica e, ao mesmo tempo, preservar o mercado de trabalho.
Em comunicado, o comitê reforçou que permanece vigilante: “O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta, podendo retomar ajustes caso seja necessário.”
Cenário econômico
O Copom destacou que o ambiente externo segue pressionado por tensões geopolíticas e pela política monetária dos Estados Unidos, fatores que aumentam a necessidade de cautela em países emergentes, como o Brasil. Internamente, a economia avança de forma moderada, mas a inflação continua acima da meta, com projeções de 4,8% para 2025 e 4,3% para 2026 — níveis superiores ao objetivo oficial.
Apesar disso, o mercado de trabalho permanece aquecido, o que, segundo o BC, exige a manutenção da política monetária em patamar “significativamente contracionista”.
Histórico recente
No encontro anterior, em julho, o Copom havia interrompido um ciclo de sete altas consecutivas iniciado em setembro de 2024. A decisão de hoje mantém os juros no maior nível em quase duas décadas, após sucessivos aumentos desde setembro de 2024, quando a taxa estava em 10,75%.
Superquarta
A decisão coincidiu com a chamada “superquarta”, quando Brasil e Estados Unidos divulgam, no mesmo dia, suas políticas monetárias. Enquanto o Copom optou por manter a Selic, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, reduziu os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano. Foi o primeiro corte em nove meses.
Projeções
De acordo com o boletim Focus, economistas mantêm a expectativa de que a Selic termine 2025 no mesmo patamar de 15% ao ano. Para 2026, a previsão recuou de 12,50% para 12,38%, enquanto para 2027 segue em 10,50%.
A Selic é o principal instrumento de controle da inflação. Em patamares elevados, encarece o crédito, reduz o consumo e a produção, e tende a desacelerar a atividade econômica.
