Prefeitura assegura pagamento integral aos servidores até 20 de dezembro, mas gastos com pessoal acima do limite legal expõem fragilidade na administração e dependência de medidas emergenciais
Enquanto a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), garante o pagamento do 13º salário dos servidores até 20 de dezembro, especialistas e sindicatos questionam a eficácia das medidas adotadas para conter a crise financeira do município. A administração municipal tem recorrido a cortes severos e “remédios amargos”, mas sem apresentar um plano claro de equilíbrio a longo prazo.
Desde janeiro, a Prefeitura suspendeu novas contratações, gratificações e diárias, limitou o aumento da carga horária de professores e revisou contratos com empresas. Agora, anunciou a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias e cortes de 20% nos salários da prefeita e do primeiro escalão. Embora medidas simbólicas, críticos afirmam que elas pouco impactam a realidade fiscal da Capital.
Os números reforçam a pressão sobre a gestão: nos últimos 12 meses, a folha de pagamento atingiu 57,73% da receita corrente líquida, ultrapassando o limite legal da LRF em R$ 185 milhões. Ao mesmo tempo, a arrecadação chegou a R$ 5,9 bilhões, incluindo R$ 704 milhões em ISS e R$ 650 milhões em IPTU. Especialistas apontam que o problema não está na arrecadação, mas na administração dos recursos.
O pagamento integral do 13º dentro do prazo legal é uma garantia, mas não há sinal de antecipação, prática adotada pelo governo estadual e por outros municípios, o que mantém a insegurança entre os servidores. “Garantir o pagamento dentro do prazo é positivo, mas não resolve a raiz do problema. Sem planejamento estratégico, essas medidas emergenciais se tornam paliativas e repetitivas”, observa um especialista em finanças públicas.
Além disso, a prorrogação do decreto de contenção de gastos até 31 de dezembro reforça a pressão sobre servidores e setores da administração pública. O corte de despesas de energia, água, combustíveis e impressão, embora necessário, não substitui políticas estruturais de ajuste fiscal, transparência e gestão eficiente dos contratos.
A falta de planejamento claro levanta questionamentos sobre a capacidade da Prefeitura de administrar a Capital sem recorrer constantemente a medidas emergenciais. Servidores, sindicatos e cidadãos seguem atentos, temendo que a crise fiscal se prolongue, transformando o pagamento do 13º em uma conquista mínima diante de problemas mais profundos na gestão financeira do município.











