Nas redes sociais um anúncio desperta a atenção de investidores do mercado imobiliário. É o início do que parece ser um novo bairro, loteamento ou conjunto habitacional, como queira chamar.
No entanto, há dúvidas sobre a qualidade das unidades ofertadas e de toda área em que está sendo planejado. Casas feitas de lonas, tapumes, madeiras e outros retalhos baratos da construção civil.
O vídeo institucional, feito por um drone, revela um lugar incrível, híbrido, entre a mata fechada nos fundos, talvez até com a presença de animais silvestres, e o urbanismo campo-grandense no pé do horizonte.
Entre as edificações já erguidas, a linha férrea completa o cenário. Não se engane ao pensar ser ali a nova estação da ferrovia, pelo contrário, são pessoas, crianças e idosos aguardando o prometido progresso.
Visto do alto, é como se os barracos, com todos os aconchegos para aqueles que ali residem, fossem uma verdadeira locomotiva, transportando o sonho de uma vida digna.
Não seja você o tolo que irá repetir aquele pensamento clássico: “vão trabalhar para pagar o aluguel de uma casa melhor”; “estão ali porque querem”; “são todos folgados que vivem de auxílio do Governo”, entre outros do mesmo raciocínio.
O dito “novo bairro de Campo Grande” parece crescer rapidamente. Também, com tantos anúncios esparramados pelas redes sociais, nas páginas famosas de notícia e humor, há quem vá ao encontro de um pedaço de chão para chamar de seu.
Para os interessados em adquirir um lote, já adianto que não há recursos básicos para a sobrevivência, como rede de água, luz e esgoto. Mercados, nenhum tão perto! Ah, meus caros, nem comentem sobre postos de saúde, escolas, creches ou qualquer outro serviço.
Diante dos olhos da sociedade, Campo Grande vai crescendo nas beiradas da pobreza. O Poder Público só curte através dos posts, não se faz presente, pelo menos não em ano de eleição, quando o voto chega acompanhado de uma cesta básica e promessas iludidas.