Da política estadual ao protagonismo nacional: por que Flávio é hoje um dos nomes de 2026

18
Flávio Bolsonaro (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Anúncio feito após visita a Jair Bolsonaro na PF altera rumos da direita para a próxima eleição

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) cresceu acompanhando de perto a política nacional. Mas sua entrada na vida pública ocorreu por iniciativa própria: em 2002, aos 21 anos, ele foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro, tornando-se o parlamentar mais jovem da legislatura iniciada em 2003.

Duas décadas depois, Flávio se consolidou como um dos principais nomes do campo conservador, com atuação voltada para segurança pública, políticas penais e temas institucionais. Nesta sexta-feira (5), o senador voltou ao centro das atenções ao ser escolhido pelo pai para disputar a Presidência da República em 2026.

A indicação ocorre enquanto Jair Bolsonaro segue preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, e é vista como tentativa de manter o comando do bolsonarismo dentro da própria família.

Formação e primeiros passos

Antes da política, Flávio construiu trajetória em áreas técnicas e jurídicas. Ele é técnico em eletrônica pela Escola Rezende Rammel, bacharel em direito pela Universidade Cândido Mendes e pós-graduado em ciência política pela UFRJ.

Ainda jovem, estagiou no Instituto Militar de Engenharia (IME) e na Defensoria Pública do Rio de Janeiro, onde atuou no Núcleo do Sistema Penitenciário. O contato com debates sobre segurança e sistema carcerário influenciaria sua atuação parlamentar anos depois.

Carreira na Alerj

Flávio exerceu quatro mandatos seguidos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Nesse período, esteve em comissões de Segurança Pública, Defesa Civil, Direitos Humanos e Legislação Constitucional.

Ele se destacou por defender o endurecimento das leis penais, criticar políticas assistenciais e se posicionar contra o sistema de cotas raciais nas universidades. Também criou a Comissão Especial de Planejamento Familiar, que, segundo ele, ajudaria a reduzir desigualdades e fortalecer a autonomia das famílias.

No campo ideológico, manteve alinhamento com pautas históricas do conservadorismo, como a redução da maioridade penal e a pena de morte. Flávio também defende publicamente a ditadura militar, que costuma retratar como um período de “transição” no país.

Eleição de 2016 e episódio em debate

Em 2016, Flávio disputou a Prefeitura do Rio pelo PSC. Na convenção que oficializou a candidatura, afirmou ser um “candidato de protesto”. Ele terminou a eleição em 4º lugar, com mais de 424 mil votos.

Durante o primeiro debate de TV, protagonizou um episódio que repercutiu nas redes sociais: passou mal ao vivo, deixou o palco e recusou atendimento médico oferecido por outros candidatos, incluindo a deputada Jandira Feghali (PCdoB).

Confronto armado e segurança pública

Ainda em 2016, Flávio e um segurança trocaram tiros com assaltantes na zona oeste do Rio. Um dos suspeitos foi baleado, mas conseguiu fugir. O caso reforçou o discurso do então deputado sobre violência urbana e atuação policial — temas centrais na sua trajetória.

Eleição ao Senado e projeção nacional

Em 2018, Flávio foi eleito senador com mais de 4,3 milhões de votos. A vitória ampliou sua projeção nacional, especialmente porque Jair Bolsonaro assumiu a Presidência no mesmo ano.

No Senado, o parlamentar ocupou a Terceira Secretaria da Mesa Diretora e passou a atuar em pautas relacionadas à defesa, segurança pública e políticas federais. Em 2019, recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Naval, entregue pelo próprio pai, então presidente.

Controvérsias e embates

A trajetória de Flávio também inclui posições controversas. Ele critica o que chama de “uso político” dos direitos humanos em defesa de criminosos e costuma entrar em atrito com entidades civis e movimentos progressistas.

Seus posicionamentos sobre o regime militar e políticas penais reforçam a imagem de um dos principais porta-vozes do conservadorismo no país.

Pré-candidatura à Presidência em 2026

O anúncio da pré-candidatura nesta semana reconfigurou a disputa na direita. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e um dos nomes mais cotados para a sucessão bolsonarista, deve agora focar na reeleição estadual.

Em comunicado, Flávio afirmou que assume a missão de “dar continuidade ao nosso projeto de nação”, num aceno direto à base bolsonarista.

A escolha do senador pelo próprio pai abre uma nova etapa na disputa interna da direita e coloca Flávio Bolsonaro no centro do tabuleiro político para as eleições de 2026.