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domingo, 12 de maio, 2024
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Dia de Combate à Tuberculose: doença precisa ser tratada logo no início

Os números estão ai para provar e acender o alerta da importância de se buscar um tratamento cedo. Todos os dias, mais de 4.100 pessoas perdem a vida devido à tuberculose, ao mesmo tempo, cerca de 30 mil adoecem no mundo, segundo informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (24), data em que é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose.

No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, foram registrados 68.271 casos novos de tuberculose no ano passado. Nos últimos três anos, a média de pacientes diagnosticados com a doença que faleceram é de 4,5 mil. Os homens de 20 a 34 anos apresentam quase três vezes mais risco de adoecimento, quando comparado a mulheres na mesma faixa etária. A tuberculose pode ser prevenida com a vacina BCG nos recém-nascidos.

Assim como em toda a doença, a tuberculose também tem os seus fatores de risco, como diabetes, tabagismo e doenças que diminuem a imunidade (como Aids), além de pessoas em situações vulneráveis, como profissionais de saúde, moradores de rua e indivíduos privados de liberdade.

De acordo com os especialistas, quando não diagnosticada e tratada ou quando o tratamento é suspenso, a tuberculose pode provocar complicações em outros órgãos do corpo, entre as quais a tuberculose geniturinária, uma das consequências mais graves da tuberculose pulmonar.Dia de Combate à Tuberculose: doença precisa ser tratada logo no inícioDia de Combate à Tuberculose: doença precisa ser tratada logo no início

No país, a porta de entrada do bacilo de Koch, causador da tuberculose, é o pulmão. Na grande maioria das vezes, a doença começa com uma infecção pulmonar que pode provocar alguns sintomas que o paciente acaba negligenciando, como febre, tosse persistente e perda de peso.

“Esse bacilo de Koch, na medida em que ele vai colonizando o pulmão, os gânglios linfáticos, ele pode chegar até a corrente sanguínea. Quando isso acontece, ele pode se alojar em diferentes partes do corpo”, disse o presidente da SBU, Alfredo Canalini, em entrevista para o site da Agência Brasil. As consequências podem ser tuberculose óssea e tuberculose urinária.

No caso da tuberculose urinária, Canalini informou que, como o rim é um órgão extremamente vascularizado, a chance de ser acometido por essa doença é muito grande, em função da carga de sangue que recebe. A tuberculose atinge, em primeiro lugar, o tecido do rim, sem gerar, a princípio, nenhum problema para o paciente urinar.

“Só que, na medida em que a doença no rim vai crescendo, aquela bactéria vai se reproduzindo e pode começar a ser expelida através da urina. Chega ao sistema coletor, que é onde a urina produzida pelo rim vai sendo conduzida até a bexiga e, aí, os problemas urinários podem começar a acontecer”, indicou.

Quando há sintomas, podem ocorrer dor ao urinar, dor na região lombar, sangue na urina, micção frequente, infecção urinária de repetição e febre. Esses sintomas, entretanto, costumam demorar a aparecer.

Ainda segundo Canalini, os problemas lembram muito as queixas de uma cistite comum. Muitas vezes, o paciente pensa que é uma inflamação da bexiga comum e, inclusive, até os profissionais da atenção primária vão medicar como se fosse uma cistite e não atentam para a possibilidade de ser uma tuberculose urinária.

Caso o paciente não seja atendido por um urologista que peça os exames para detectar a tuberculose, o que pode acontecer é a doença evoluir e destruir o ureter, a bexiga e, no caso do homem, pode provocar um abcesso nos testículos.

“É uma doença que, se não for tratada da maneira adequada, pode, inclusive, provocar a morte do paciente”. O presidente da SBU lembrou que, quando a tuberculose não tinha tratamento, muitas pessoas morriam. Hoje, há tratamento. “O paciente tem que seguir as recomendações do médico. Ele não pode abandonar o tratamento no meio. Isso é uma situação com que, às vezes, a gente se depara. O paciente começa o tratamento e, ao fim do terceiro mês, decide abandonar o tratamento. Daqui a alguns anos, estará com uma tuberculose urinária”, disse.

O tratamento dura seis meses e tem que ser feito até o fim, mesmo que os sintomas tenham desaparecido. É que o fim dos sintomas não significa, necessariamente, que a doença esteja totalmente debelada. A medicação está disponível nos serviços públicos de saúde e é dada de graça. “O paciente tem que aderir ao tratamento e seguir rigorosamente as recomendações do médico”, frisou o especialista.

Tuberculose nas mulheres

Nas mulheres, além do aparelho urinário, a tuberculose geniturinária pode afetar trompas, endométrio e ovários, causar infertilidade, doença inflamatória pélvica, amenorreia ou aumento do fluxo menstrual.

A doença tem incidência entre 7,1% e 15% dos casos de tuberculose pulmonar. Canalini esclareceu que, na medicina, a tuberculose é chamada de infecção específica. Isso quer dizer que as reações que o bacilo de Koch causa, nenhum outro bacilo provoca.

Outro aspecto é que, na tuberculose urinária, há complicações decorrentes da infecção e, ao longo do tratamento, o paciente tem que ser acompanhado por um urologista porque o processo de cicatrização das lesões pode gerar problemas.

“A gente tem que ficar atento e acompanhar esse paciente durante todo o processo de tratamento porque, à medida que aquelas lesões vão cicatrizando, elas podem gerar uma obstrução do ureter, que é um tubo fininho que leva a urina do rim até a bexiga”,  disse. Essa obstrução é desfeita por meio de cirurgia.

Ele acrescentou que o paciente só pode ser submetido a um tratamento definitivo quando a doença estiver  curada e debelada. As sequelas serão tratadas depois.

*Com informações da Agência Brasil

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