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segunda-feira, 9 de junho, 2025
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Duo BLX lança EP ‘Electrosounds’ que funde tradição e vanguarda

Há encontros que o tempo adianta ou adia, há conexões que a vida costura com fios de afeto, arte e inquietação. Foi assim que o duo BLX, formado por André X e Leca Harper aka Dark Blue, se reconectou. Amigos de longa data, atravessaram os silêncios impostos pela pandemia como quem costura novos sons no pano da memória. Do reencontro, brotou o desejo de fazer algo que parecia faltar no imaginário sonoro da região: uma música eletrônica que conversasse com as raízes de Mato Grosso do Sul, sem cair nos lugares-comuns.

Nascia ali a faísca do novo EP do BLX — um trabalho que ultrapassa a pista de dança para ocupar um lugar mais amplo, quase ritualístico, intitulado “Electrosounds”. No início deste mês o duo está apresentando o set autoral com suas novas músicas por escolas de Campo Grande. Eles já passaram pela Escola Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, Escola Estadual Joaquim Murtinho e nesta sexta-feira (6) estarão na Escola Estadual João Carlos Flores. O EP, que será lançado oficialmente no dia 29 de junho nas principais plataformas de música, como Spotify, Deezer, Amazon Music, etc, possui quatro músicas: Águas do Pantanal, Terrário, Fogo e Desejo e Pôr do Sol.

“Uma coisa que sempre achei que estava em abstinência na nossa região é a música eletrônica envolvida nas nossas tradições”, conta André X. “O estilo tem essa magia de poder se fundir a tudo, e nós adoramos um bom desafio. Fizemos um brainstorm com temas do nosso cotidiano e buscamos um caminho autoral, mas longe do clichê”, completa.

Esse caminho desembocou em uma obra viva e pulsante. O EP mergulha no universo sonoro sul-mato-grossense, sem jamais se limitar a ele. Para isso, o duo convocou nomes que são guardiões de saberes musicais locais. Estão ali Adilson Big Fernandes, que sopra o berrante como quem chama o tempo; Ossuna Braza, encantador das cordas da harpa; Renã Nonnato, com a gaita que traduz o vento da fronteira; e Sérgio Dorneles, violeiro que borda as cordas com os dedos. Kinho Guedes, nos baixos, completa essa roda com densidade e precisão.

“O processo foi uma alegria”, relembra Leca Harper. “Todos os músicos toparam o desafio e nos surpreenderam com a entrega. Já temos uma experiência com essa fusão desde os tempos da banda Casa4, então aplicamos uma metodologia que dá liberdade criativa, mas com direção. O resultado é único: um EP com identidade, que não copia nem se acomoda”.

E essa singularidade vibra em cada faixa — seja no groove melódico que bebe da tradição pantaneira, seja nas texturas digitais que abrem caminhos para o futuro. O trabalho propõe uma escuta que não é só estética: é política, geográfica, existencial. É a prova de que Campo Grande pulsa, sim, com inovação e originalidade no campo da música eletrônica, sem precisar importar fórmulas.

Mais que um duo de música eletrônica, o BLX é uma das expressões mais autênticas da cena musical sul-mato-grossense. Um projeto que reafirma a potência de se criar com os pés fincados no chão e os ouvidos voltados ao mundo.

O EP conta com investimento da Lei Paulo Gustavo, do MinC (Ministério da Cultura), por meio de edital do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

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