Espetáculo teatral Carne Viva estreia hoje em Campo Grande; conheça a peça!

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Foto: Divulgação

O espetáculo CARNE VIVA, criação da atriz e diretora Estefânia Bueno, com atuação da atriz juntamente com Madu Flores, estreia nesta sexta-feira (12) em Campo Grande, no Centro Cultural José Otávio Guizzo, na Rua 26 de Agosto, 453, apresentando ao público o resultado de uma pesquisa cênica que transforma vivências reais de mulheres em arte, reflexão e resistência.

A peça nasce do Projeto SOBREVIVER, que realizou um ato poético exclusivo para mulheres e dois ensaios abertos ao público feminino. Para Estefânia, esses encontros foram decisivos para moldar a obra: “O ato poético foi emocionante porque conseguimos enxergar a dor da memória ser transformada na cena em esperança de justiça e de mudança capaz de alcançar as próximas gerações de meninas e mulheres.”

Durante a convocatória pública, diversos testemunhos foram colhidos. Histórias duras, reais, que refletem a violência ainda cotidiana no país. “Os relatos reafirmam uma realidade difícil de ouvir e de ver. A cada semana novos nomes aparecem na mídia — e será que sabemos de todos eles? No sistema ainda dominado por homens, até a verdade corre o risco de ser escondida em uma gaveta.”

Em CARNE VIVA, essas vozes se transformam em dramaturgia, música e performance. Estefânia explica que o espetáculo dá forma, de maneira ficcional, a sentimentos que muitas vezes permanecem silenciados. O feminicídio não é só uma ferida das mulheres, mas da sociedade inteira, um luto insistente que derrama ódio. “Em cena, damos voz a esse ódio sem ferir ninguém.”

Ela afirma que a arte cumpre seu papel como força crítica e transformadora. A arte questiona, denúncia e resiste. A arte não nos deixa esquecer a injustiça. Quando nos unimos, leis podem ser aprovadas, mentes podem ser transformadas. Sem esperança, não sobrevivemos.

Espetáculo teatral Carne Viva estreia hoje em Campo Grande; conheça a peça!
Foto: Divulgação

Embora a peça trate das insurgências femininas, Estefânia ressalta que o levante contra a violência deve ser coletivo: “Pode parecer estranho dizer que homens também fazem parte dessa mudança. Mas Bell Hooks nos lembra que o feminismo é para todo mundo. Se a violência é uma cultura praticada por todos os gêneros, a transformação precisa atingir todos nós.”

O público verá uma construção mais completa da pesquisa, com cenas inéditas e trilhas musicais originais — exceto por uma única canção, “Mônica”, de Angela Ro Ro, incorporada pela força de sua temática sobre violência contra a mulher. “A música ganhou nova roupagem dentro do espetáculo. Tem que vir assistir pra entender.”

CARNE VIVA é um chamado à memória, ao enfrentamento e à esperança diante as tantas insurgências que existem em ser mulher na nossa sociedade, uma resistência poética diante de uma realidade que insiste em se repetir.

FICHA TÉCNICA
Direção: Estefânia Bueno
Atrizes: Estefânia Bueno e Madu Flores
Orientação Cênica: André Tristão
Trilha Sonora: Diego Sinope e Pedro Gianoto
Arte e Design: Sara Welter
Fotografia: Cátia Santos
Este projeto é contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc, juntamente com a Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande, com apoio da Casa de Cultura, Ateliê Cênico, Centro Cultural José Octávio Guizzo e Centro de Comercialização da Economia Solidária/MS.