Filhos e parentes do senador Jucá são alvo de operação da PF

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Publicado em 28/09/2017 08h50

Filhos e parentes do senador Jucá são alvo de operação da PF

Operação investiga superfaturamento em obras do Minha Casa Minha Vida

R7

Filhos, enteados e a ex-mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RR) são alvo de operação conjunta da Polícia Federal de Roraima e Receita Federal nesta quinta-feira (28), em Boa Vista, capital do Estado.

Batizada de Anel de Giges, a operação investiga uma organização criminosa que teria cometido os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas.

São cumpridos 17 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Roraima, sendo nove mandados de busca e apreensão e oito mandados de condução coercitiva em Boa Vista (RR), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG).

Entre os alvos estão os filhos de Romero Jucá, Rodrigo de Holanda Menezes Jucá e Marina de Holanda Menezes Jucá Marques, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, que é ex-mulher do senador, além de Luciana Surita da Motta Macedo e Ana Paula Surita Motta Macedo, suas enteadas.

A investigação identificou o desvio de R$ 32 milhões dos cofres públicos, tendo como origem o superfaturamento na aquisição da Fazenda Recreio, que pertence aos filhos do senador, localizada em Boa Vista, para a construção do empreendimento Vila Jardim, vinculado ao Minha Casa Minha Vida.

De acordo com comunicado da Polícia Federal, a fiscalização e aprovação do empreendimento pela Caixa Econômica Federal também é alvo da investigação.

O nome da operação é inspírado em passagem do livro A República, do filósofo grego Platão. O Anel de Giges permite ao seu portador que fique invisível e cometa crimes sem consequências.

Defesa

Procurada pelo R7, a prefeita de Roraima não se manifestou até a publicação desta reportagem. Em seu perfil no Facebook, Teresa Surita escreveu pouco antes das 9h30 que “paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem”.

O senador Romero Jucá criticou “excessos” na operação, classificada por ele como mais um “espalhafatoso capítulo” de “desmando”. Ele negou as acusações e disse que sua família não teme as investigações. Leia o comunicado de Jucá:

“Repudio mais um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos, desta vez contra minha família. Como pai de família carrego uma justa indignação com os métodos e a falta de razoabilidade. Como senador da República, que respeita o equilíbrio entre os poderes e o sagrado direito de defesa, me obrigo a, novamente, alertar sobre os excessos e midiatização.

Não tememos investigação. Nem eu nem qualquer pessoa da minha família. Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova. Todos os meus sigilos, bancário, fiscal e contábil já foram quebrados e nenhuma prova. Só conjecturas.

Em junho de 2016, foi pedida a prisão de um presidente de um poder, de um ex-presidente da República e de um Senador com base em conjecturas. Em setembro agora, por absoluta inconsistência jurídica, o inquérito foi arquivado. Desproporcional e constrangedor, esse episódio poderia ter sido evitado. Bem como poderia ter sido evitado o de hoje. Bastava às autoridades pedirem os documentos anexados que comprovam que não há nenhum crime cometido.

Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação de uma juiza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tornarei público todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje”.

Denúncias contra Jucá

O senador de Roraima, que não é alvo da operação desta quinta, é investigado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nas operações Lava Jato e Zelotes.

Na Lava Jato, Jucá foi denunciado pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot no chamado “quadrilhão do PMDB”, em que ele e os senadores peemedebistas Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO), além dos ex-senadores José Sarney (AP) e Sérgio Machado (CE), são acusados de organização criminosa e desvios de verbas de órgãos públicos.

Em outro processo, a PGR pediu o arquivamento de inquérito que investigava o senador por suposta obstrução de Justiça. A ação foi baseada na delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que gravou Jucá falando em “estancar a sangria” da Lava Jato. Para a PGR, não houve ação concreta do senador no sentido de barrar a operação.

Já na Zelotes, Jucá foi denunciado por suposto favorecimento ao Grupo Gerdau em uma medida provisória em troca de doações eleitorais.

As duas denúncias aguardam decisão do Supremo Tribunal Federal.

Senador Romero Jucá tem filhos sob investigação
Agif/Folhapress