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domingo, 21 de setembro, 2025
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“Fiquei feliz de ver meu verso lá”: crianças escritoras indígenas de Anastácio participam da FLIB

Cerca de 20 crianças da Aldeia Aldeinha, integrantes da ABRAAI – Academia Brasileira de Autores Aldravinistas Infantojuvenil de Anastácio (MS), participaram neste sábado (20) da 9ª Feira Literária de Bonito (FLIB). Depois de contribuírem no pré-evento com a produção de aldravias inspiradas no livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, elas vieram conferir de perto suas criações expostas na Árvore de Aldravias, instalada na Praça da Liberdade, e também se envolveram em atividades culturais da programação.

A mostra recebeu o título “Carolina vive no vento” e apresenta poesias escritas por crianças e adolescentes indígenas, penduradas em bolinhas transparentes, convidando o público a conhecer a força da palavra em sua forma mais breve e poética.

As aldravias são um estilo literário criado em Minas Gerais no início dos anos 2000, caracterizado por poemas curtos de até seis versos com uma palavra em cada linha. Essa forma de escrita valoriza a síntese e o lirismo, aproximando-se do haicai, mas com liberdade temática. Ao transformar trechos de Quarto de Despejo em aldravias, as crianças da Aldeinha construíram poesias minimalistas cheias de potência e significado.

Para Noelaine Dias Lemes, coordenadora da ABRAAI, a experiência foi transformadora: “As crianças fizeram aldravias baseadas no livro Quarto de Despejo, lendo trechos da obra e transformando em poesia minimalista. Quando chegaram e viram seus versos expostos, acharam muito bonito o trabalho. Foi emocionante, porque depois seguiram pela feira, participando de outras atividades, e cada um pôde viver esse momento de forma muito especial”, relatou.

Entre os pequenos autores estava Heloisa Ortiz, de 10 anos, que descreveu com simplicidade e encantamento o que sentiu ao ver sua poesia na Árvore de Aldravias: “Ah, foi muito legal. Eu fiquei feliz de ver a minha aldravia com a Carolina lá. Eu gosto muito de escrever, é bem legal e fácil, às vezes vem uma ideia do nada. Para mim, a melhor forma de fazer essa homenagem é porque acho que nunca ninguém passou o que ela passou. Foi uma vida bem difícil, né?”, disse.

Algumas das crianças já haviam participado em edições anteriores da FLIB, enquanto para outras foi a primeira vez no evento. “A grande maioria é indígena, e isso reforça ainda mais o protagonismo dessas vozes na literatura”, acrescentou Noelaine.

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