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sábado, 2 de agosto, 2025
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Gasolina com 30% de etanol começa a valer; veja quem precisa se preocupar

A partir desta semana, passou a valer em todo o Brasil a nova formulação da gasolina comum e aditivada, chamada de gasolina E30. A mudança eleva de 27% para 30% o teor de etanol anidro misturado ao combustível fóssil, conforme decisão do governo federal. A medida tem como objetivo reduzir emissões de gases poluentes, diminuir a dependência de combustíveis fósseis — parte deles importados — e ainda aumentar a octanagem, que agora passa de 93 para 94 RON (sigla que mede a resistência à detonação do combustível).

Apesar dos benefícios ambientais e técnicos, a mudança acende um alerta para donos de veículos importados, modelos de alto desempenho (como esportivos) e principalmente carros antigos, fabricados antes dos anos 1980. Esses veículos tendem a ser mais sensíveis a uma alta proporção de etanol, o que pode gerar desde problemas de corrosão no sistema de injeção ou carburador, até falhas de desempenho e aumento no consumo.

Carros flex não precisam se preocupar

Para os veículos mais modernos, principalmente os com motor flex, a transição para o E30 não exige nenhuma adaptação. Os motoristas podem, no máximo, perceber uma ligeira elevação no consumo de combustível, já que o etanol rende cerca de 30% menos que a gasolina pura. Ainda assim, a maior octanagem pode compensar esse rendimento em parte dos veículos mais novos.

E a gasolina E30 foi testada?

Sim. De acordo com o Instituto Mauá de Tecnologia, a nova mistura foi testada em diversos veículos produzidos entre 1994 e 2024, sobretudo com motores dotados de injeção eletrônica — um padrão que já considera a presença de etanol na mistura desde os anos 1980. Um único carro com carburador também foi testado, mas os detalhes sobre o modelo não foram divulgados.

Apesar da aprovação nos testes, especialistas alertam que os veículos importados que originalmente utilizavam gasolina pura e foram apenas adaptados para o mercado brasileiro devem ficar atentos. A recomendação, nesses casos, é não deixar o carro parado com combustível no tanque por longos períodos, o que pode acelerar processos de corrosão, e preferir o uso de gasolina premium, que tem menor proporção de etanol (entre 22% e 25%) e aditivos que protegem o motor — embora seja cerca de 20% mais cara que a gasolina comum.

Carros antigos exigem cuidado redobrado

Modelos anteriores a 1980, quando ainda se utilizava gasolina sem etanol no Brasil, estão mais vulneráveis à nova mistura. O uso do E30 nesses veículos pode causar danos em peças como carburadores, bicos injetores e sistema de admissão. Para esse público, a recomendação dos especialistas é clara: evitar abastecer o tanque cheio, especialmente se o carro for ficar parado, e sempre que possível utilizar gasolina premium.

A mudança para a gasolina E30 reflete o compromisso do país com uma matriz energética mais limpa e renovável. No entanto, como mostra a repercussão entre especialistas e entusiastas, nem todos os motores estão preparados para a nova realidade, exigindo atenção especial de motoristas para preservar seus veículos — e evitar dores de cabeça nas oficinas.

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