A partir desta terça-feira (3), o preço da gasolina comum pode ficar R$ 0,12 mais barato nas bombas, reflexo da redução de 5,6% no valor do litro para as refinarias, anunciada pela Petrobras. A estimativa é da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) e vale apenas para as regiões onde o combustível é fornecido pela estatal.
Em Campo Grande, onde boa parte dos postos é abastecida pela Petrobras, os consumidores devem observar a redução nos próximos dias, embora o repasse não seja automático. A queda pode variar conforme cada posto e depende de fatores como estoques, logística, margem de lucro e impostos.
O preço médio da gasolina no Brasil em maio foi de R$ 6,28, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Com a redução, o litro poderia cair para R$ 6,16.
— A gasolina vendida ao consumidor é composta por 73% de gasolina fóssil das refinarias e 27% de etanol anidro. Com uma redução de R$ 0,17 na refinaria, o efeito direto na bomba deve ser uma queda de aproximadamente R$ 0,12, explica Sergio Araujo, presidente da Abicom.
📉 Queda não é para todos e não é imediata
A redução, no entanto, não vale para todas as regiões. Locais abastecidos por refinarias privadas ou importadores — que não congelaram seus preços nos últimos meses — podem não perceber qualquer mudança nos valores.
Além disso, o repasse aos consumidores não ocorre de forma imediata. Alguns postos costumam atualizar os preços rapidamente, enquanto outros demoram mais, aguardando o fim dos estoques comprados antes da redução.
📊 Impacto na inflação
Além de aliviar, ainda que temporariamente, o bolso dos motoristas, a queda no preço da gasolina terá reflexo na inflação. Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, a estimativa é que o preço médio da gasolina no Brasil caia 1,87% em junho.
— Como a gasolina representa 5,3% do orçamento das famílias, essa redução poderá tirar 0,10 ponto percentual do IPCA de junho, que inicia o mês pressionado pela alta na conta de luz, afirma Braz.
A energia elétrica passou para a bandeira vermelha patamar 1, acrescentando R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, devido ao uso de usinas termelétricas provocada pela falta de chuvas em várias regiões.
Apesar do alívio na bomba, Braz afirma que essa redução na gasolina não será suficiente para alterar a política de juros do país. — Somente uma desaceleração mais consistente nos preços de bens duráveis e serviços poderia levar a uma mudança na taxa Selic, explica.
🔥 Combustíveis acumulam alta
Mesmo com o corte, nos últimos 12 meses a gasolina comum acumula alta de 7,16% nos postos. O combustível estava sem reajustes da Petrobras desde julho do ano passado.
O diesel já havia tido três cortes em 2025, incluindo uma redução de 4,66% em maio, acumulando alta de 3% no ano. O destaque negativo fica para o etanol, que subiu 12,3% no acumulado dos últimos 12 meses, tornando-se o combustível com maior alta no período.